Há 12 meses, o mercado financeiro e o País eram sacudidos por uma das disputas presidenciais mais acirradas dos últimos tempos entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As eleições elevaram a volatilidade na Bolsa de Valores à medida que novas pesquisas de intenção de voto indicavam quem poderia governar o Brasil nos próximos anos e ditar os rumos da economia e dos negócios.
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Economistas, estrategistas, gestores e agentes do mercado estavam temerosos em relação à possibilidade de vitória petista, confirmada em 2º turno no dia 30 de outubro. Investidores se deparavam com diferentes previsões, que passavam de uma escalada do dólar, intervenções nas estatais e descontrole do cenário fiscal. Passados 12 meses, dá para dizer que boa parte dessas apostas se mostrou oposta do que a realidade do mercado financeiro atual.
Até a sexta-feira (6), o Ibovespa acumulava uma alta de 4,04% em 2023, apoiado no ciclo de queda da taxa Selic iniciado pelo Banco Central em agosto. Ainda assim, a valorização não foi suficiente para reverter as perdas registradas no índice logo após as eleições – na janela de 12 meses, o IBOV cai 2,88%.
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O dólar é cotado a R$ 5,16, se aproximando do patamar de R$ 5,27 a que iniciou o ano. A piora do câmbio aconteceu de forma mais acelerada nas últimas semanas, com a deterioração do cenário no exterior. Em julho, nos momentos de maior otimismo, a cotação bateu os R$ 4,73.
A análise destes 12 meses pós eleição foi o tema da carta mensal da gestora Ártica Asset Management. No documento, o sócio e gestor do fundo Ártica Long Term FIA, Ivan Barboza, destaca que a estrutura legislativa do Brasil é complexa e fragmentada de tal maneira que dificulta que o Executivo orquestre grandes mudanças – como temia o mercado há um ano. “Acreditamos ser mais provável que o País continue seguindo sua média histórica, certamente medíocre, mas longe de catastrófica”, diz.
Das incertezas previstas em outubro de 2022, uma se concretizou: o lado fiscal. O governo substituiu o antigo teto de gastos pelo novo arcabouço fiscal, que condiciona o crescimento real das despesas a 70% do crescimento real da receita primária do País. Isso significa que o sucesso do novo sistema está condicionado ao crescimento da economia brasileira – e essa necessidade de aumento na arrecadação ainda preocupa o mercado.
Ainda assim, dá para dizer que a regra superou as expectativas mais negativas, fazendo o mercado mudar seu posicionamento de pessimista para cético, define Barboza. “Apesar dessa falha estrutural, o arcabouço veio melhor do que boa parte do mercado esperava, o governo tem reforçado seu compromisso com as metas e o ministro da economia conquistou alguma credibilidade.”
As apostas na Bolsa
Em outubro de 2022, não era difícil encontrar um especialista que preferia ficar de fora das ações de companhias estatais. Na realidade, era mais difícil encontrar alguém que indicasse os papéis em um cenário que poderia trazer de volta mais uma gestão intervencionista do PT nessas empresas, como aconteceu no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, por exemplo.
Na dúvida, muitos analistas preferiam ficar de fora das ações da Petrobras (PETR4) e do Banco do Brasil (BBAS3) – em julho de 2022, a PETR4 chegou a ser cotada na casa de R$ 16, enquanto a BBAS3 estava no patamar de R$ 28.
João Daronco, analista da Suno Research, destaca que o cenário “do mundo real” de BB era muito mais favorável do que aquele que estava sendo precificado. O banco estava com rentabilidade alta, inadimplência controlada, vinha reportando lucros crescentes e distribuindo bons dividendos.
“Olhando os fatos e os preços, parecia uma distorção bem…
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