A inversão da curva de juros nos EUA é tida por muitos economistas e participantes do mercado como sinal de que uma recessão se aproxima. Há quem defenda que, historicamente, uma vez que a curva se inverte, a economia norte-americana entra em recessão em cerca de 15 meses. E quando a curva se inverteu da última vez? Há cerca de 15 meses. Mas há razões para acalmar os temores e rever essa teoria. Uma delas é que a inversão diminuiu nas últimas semanas, o que pode indicar uma volta à normalidade.
O que é a inversão da curva de juros?
Em primeiro lugar, é importante entender o que é a inversão da curva de juros nos EUA. Essa é uma situação que acontece quando as taxas dos títulos do tesouro americano de curto prazo ficam mais elevadas que as taxas dos títulos de longo prazo.
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Contudo, o mais comum é o contrário, por uma razão simples: as dívidas de mais curto prazo são vistas como mais seguras, e por isso pagam taxas menores – menos risco, menos retorno. Já os títulos com vencimento mais distante costumam pagar taxas um pouco mais elevadas. Então, mais risco, mais retorno.
Desde o ano passado, o mercado vive nessa situação de inversão.
Porém, a diferença entre as taxas de curto e longo prazo chegou a marcar máximas não vistas desde 1981.
Assim, nas últimas semanas, com o aumento geral das taxas de juros, a diferença começou a cair. Em julho, os títulos curtos chegavam a pagar juros 107,5 pontos-base acima dos títulos mais longos. Essa diferença hoje está mais perto de 30 pontos-base, a menor em 12 meses.
O que a inversão da curva de juros dos EUA significa?
Segundo Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV Ibre e sócio da BRCG Consultoria, a inversão da curva de juros dos EUA acontece quando há no mercado uma percepção de que os juros de curto prazo estão altos. Neste caso, a autoridade monetária terá de reverter essa situação no futuro próximo. Ou seja, terá de começar a reduzir as taxas em breve.
Paulo Feldmann, professor da FIA Business School, explica que “a taxa nos Estados Unidos foi elevada em um momento em que a economia não estava tão acelerada. E o aumento dos juros coloca ainda mais pressão para uma desaceleração da atividade. A curva se inverte porque as pessoas acham que esse aumento na taxa vai durar pouco porque o governo vai ter que reverter essa taxa no curto prazo para evitar uma contração da atividade”.
Devemos esperar uma recessão nos EUA?
O Goldman Sachs alerta que a situação atual é atípica e que a curva não indica uma recessão a caminho.
Inclusive, o banco reduziu a probabilidade de uma queda na atividade econômica no curto prazo. Segundo Ashok Varadhan, co-head de Global Banking & Markets, o que causou a inversão não foi uma redução na taxa dos títulos de 10 anos, mas a elevação dos juros de curto prazo pelo Federal Reserve (Fed).
Na tentativa de domar a inflação elevada, o banco central norte-americano estipulou uma faixa de entre 5,25% a 5,5%, historicamente alta para o país.
Então, em outros momentos, justifica Varadhan, a inversão da curva aconteceu porque os títulos mais longos estavam pagando menos juros do que o comum, reflexo da maior demanda de investidores pelos papéis com vencimento de 10 anos.
Outra especificidade da inversão atual da curva de juros nos EUA é que a queda da diferença entre as taxas mais longas e mais curtas tem acontecido pelo aumento das taxas longas (as taxas abriram, no jargão do mercado). Isso não vem acontecendo pela queda nas taxas mais curtas.
“O juro longo abriu, e a inversão da curva diminuiu muito. A curva continua invertida, mas muito menos do que se imaginava”, afirma Lívio Ribeiro,…
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