A temporada de resultados do terceiro trimestre de 2023 (3T23) tem início com os números de Neoenergia (NEOE3) e Romi (ROMI3) nesta terça-feira (24) e se prolonga até meados de novembro, com grande expectativa pelo que as empresas da Bolsa têm a dizer diante de um cenário global e doméstico ainda desafiadores.
Isso porque, apesar de ter havido o início do ciclo de cortes de juros no Brasil, o cenário se deteriorou com i) bancos centrais de países desenvolvidos ainda sinalizando que devem manter os juros mais altos por mais tempo; (ii) alta das taxas de juros longo prazo, impulsionado pelas Treasuries; (iii) uma recuperação da economia chinesa ainda tímida; e, domesticamente, (iv) riscos fiscais com discussões de potenciais mudanças na tributação das empresas. Esses fatores acabaram levando a revisões dos lucros para 2023 para baixo.
De forma geral, contudo, a perspectiva para essa temporada de resultados é mista, apontam Fernando Ferreira e Jennie Li, estrategistas da XP Investimentos.
Em comparação com o terceiro trimestre de 2022, o consenso Bloomberg espera uma queda do lucro por ação, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e receita em 39%, 26% e 12%, respectivamente, para as empresas do Ibovespa.
Os preços de commodities subiram em relação ao trimestre anterior, com o índice Bloomberg Commodity com alta de, em média, quase 3% versus o 2T23, porém caíram 11% na comparação anual. O preço de petróleo subiu muito mais, com a média trimestral do Brent em +11% na base trimestral, mas também caiu em 12% ano a ano, o que deverá pressionar o setor de Energia. Quanto ao câmbio, o real se valorizou quase 7% contra o dólar em relação ao 2T23, o que poderá pesar empresas ligadas a commodities e exportadoras.
“Já olhando para os setores mais voltados para o consumo doméstico, ainda vemos o último trimestre como desafiador para as empresas brasileiras. Apesar do processo de desinflação em curso, as taxas de juros seguem em níveis restritivos, o que deve continuar a pressionar as empresas ligadas à economia doméstica”, avaliam Ferreira e Jennie.
Levando em conta as empresas cobertas pela XP (quase 150 empresas na cobertura), os analistas veem uma contração agregada de ao redor de 4% de receita na comparação anual, baixa de 16% de lucros operacionais e de 27% de lucro líquido.
Os estrategistas da XP veem três setores sendo os destaques da temporada:
1. Financeiro, na qual bancos incumbentes devem continuar a tendência do 2T23, com crescimento saudável da carteira de crédito, sendo que o Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) devem ser destaques). Já Neo-Banks e Fintechs devem continuar mostrando melhorias na rentabilidade.
2. Elétricas, com o setor continuando a mostrar resultados resilientes, com destaque para as distribuidoras por conta do maior consumo de energia depois das ondas de calor pelo país.
3. Shoppings e Propriedades Comerciais, com forte crescimento de shoppings, com expectativa de resultados positivos para Iguatemi (IGTI11) e Multiplan (MULT3).
Também na visão de Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, a expectativa para a temporada de balanços é boa para alguns setores em especifico, mas longe de ser um consenso de que a maioria deva surpreender.
“A taxa básica de juros ainda está alta, e isso acaba impactando no resultado das empresas pelas despesas financeiras. O custo de crédito está alto ainda e isso impacta diretamente nas despesas financeiras de empresas que exigem maior capex [investimentos em capital]”, aponta o especialista.
Para Fernandes, as petrolíferas devem surpreender positivamente nos resultados com o avanço da commodity. “Além disso, as principais empresas do setor vem reportando em seus relatórios produção recordes, portanto acredito que deve surpreender em seus resultados”, avalia.
Assim, como a XP, Fernandes também espera que os bancos devam entregar bons resultados. Os grandes bancos que fizeram a lição de casa de manter a inadimplência em níveis baixos devem voltar a entregar uma boa rentabilidade (ROAE – Retorno sobre o patrimônio líquido médio) e manter a liderança no setor, avalia.
Já entre os destaques negativos, está o setor de saúde, principalmente ligados a planos de saúde, que deve continuar com uma performance baixa. “A sinistralidade…
Read More: O que esperar da temporada de resultados do 3º trimestre? Confira ações e