Neste mês de outubro, a Chevron, conhecida corporação gigante dos EUA de produção de energia, estabeleceu acordo para comprar a Hess Corporation, empresa petrolífera também dos EUA. O negócio está sendo realizado por US$ 53 bilhões, um dos maiores do ramo do petróleo nos últimos tempos. A Chevron é uma das grandes empresas mundiais do ramo energético, integrando o chamado Big Oil, grupo poderoso, com enorme influência mundial na economia e na política. As seis ou sete empresas de energia que compõem o grupo, que possuem faturamento é superior ao Produto Interno Bruto (PIB) da maioria dos países do mundo, desenvolvem estratégias que interferem inclusive na política mundial, como é conhecido.
A Chevron é a 16ª maior empresa dos EUA (segundo a Revista Forbes), com faturamento, em 2022, de US$ 246,25 bilhões. Para efeito comparativo, o PIB da Argentina, nosso vizinho com 45 milhões de habitantes, segunda economia da América do Sul, chegou a US$ 1.040.000 milhões no ano passado. Ou seja, o faturamento da Chevron corresponde a quase 25% do PIB da Argentina. A compra da Hess Corporation colocará a Chevron em uma posição significativa na Guiana, países um dos mais novos em produção de petróleo do mundo, na medida em que a Hess tem investimentos importantes naquela economia. A Guiana, país fronteiriço do Norte do Brasil, começou a extrair petróleo muito recentemente, em 2019. Impulsionado pela extração de petróleo, esse pequeno país do norte da América do Sul, com menos de 800 mil habitantes, deverá expandir seu PIB, em 2022, em cerca de 37%, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A compra da Hess garante a Chevron 30% da propriedade de mais de 11 bilhões de barris de petróleo, que é o equivalente a recursos recuperáveis na Guiana. Ampliará também a produção da Chevron pelos próximos cinco anos, pelo menos, segundo a previsão dos especialistas e da própria empresa. O crescimento da Guiana, que é impressionante, decorre diretamente das oportunidades trazidas pela densidade da cadeia de produção de petróleo. Apesar de ter iniciado muito recentemente a extração de petróleo, a produção per capita no país já é superior à da Noruega. A expectativa é de que o país feche 2023 com uma média de 400 mil barris produzidos por dia e alcance 600 mil em 2024. Já se projeta que, nos próximos anos o país se transforme no quarto maior produtor de petróleo da América Latina, atrás apenas de Brasil, México e Venezuela. Proporcionalmente, em relação à população, será o maior produtor da região, fácil.
Como a produção de petróleo no país está ao cargo das multinacionais – Hess, Exxon e CC), esse crescimento exponencial do PIB não necessariamente irá melhorar a vida da população da Guiana, pois a tendência é a renda petroleira ser majoritariamente apropriada pelas empresas estrangeiras. Este aspecto precisaria ser aprofundado, temos informações insuficientes sobre o assunto. Mas a tendência das multinacionais é não medir esforços e “investimentos” para se apropriar ao máximo dos imensos lucros proporcionados pela extração, beneficiamento e comercialização do petróleo. Empresas privadas em geral, mas especialmente de petróleo, tem uma postura essencialmente predadora, como está catalogado na história. Por exemplo, segundo organizações civis da sociedade, ligadas ao meio ambiente, a ExxonMobil tem o governo da Guiana, literalmente na palma da mão. Segundo essas denúncias, não há uma separação de fato entre o governo e a empresa, que manda e desmanda no país.
A aquisição da Hess foi o segundo grande negócio no ramo de energia nos últimos tempos. Em 11 de outubro, a gigante energética ExxonMobil tinha anunciado a compra da empresa de petróleo de xisto Pioneer Natural Resources, por quase 60 bilhões de dólares. Esses dois grandes negócios recentes, indica uma aposta dos grandes grupos privados de energia, no controle de reservas estratégicas de petróleo e gás, mundo afora. Um dos argumentos dos entreguistas de todas as cores, para vender a Petrobrás é o de que, em poucos anos o petróleo não vai valer mais nada, em decorrência do acesso e disseminação das fontes renováveis e limpas de energia, como a solar, dos ventos, das marés etc. Para esse grupo, a disseminação das fontes renováveis provocará em pouco tempo uma baixa do preço do barril de petróleo a tal ponto,…
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