O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu cortar a taxa básica de juros no Brasil em 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano, nesta quarta-feira (1º). O mercado espera que novos recuos da Selic ocorram nas próximas reuniões da autoridade monetária, mas há riscos que podem impactar esse ciclo de queda de juros.
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Para Bruno Funchal, ex-secretário do Tesouro Nacional e atual CEO da Bradesco Asset, o mais substancial destes riscos está relacionado à dinâmica da política monetária nos Estados Unidos. Na visão de Funchal, se o banco central americano, o Federal Reserve (Fed), precisar manter o juro alto no país por mais tempo, isto pode acabar limitando a capacidade do Banco Central brasileiro de intensificar a redução da Selic.
“Se acelerarmos o passo na redução da Selic em um cenário onde os Estados Unidos está com uma política monetária restritiva, correremos o risco de nossa moeda se desvalorizar, porque o diferencial de juros entre os países fica muito pequeno. A desvalorização da moeda pode gerar um problema inflacionário”, alerta Funchal.
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As dúvidas quanto à trajetória dos juros nos EUA foi um dos motivos que atravancou a recuperação de ativos de risco no Brasil, como os fundos de ações e multimercados, que já registram resgates de R$ 39,5 bilhões e R$ 57 bilhões no ano, respectivamente. “Os fundos perderam muito por conta da incerteza”, diz Funchal. “Talvez essa retomada dos investimentos em ativos de risco, como fundos de ações e multimercados, fique para 2024. Ano que vem é muito mais promissor para isso, porque você vai ter o mundo inteiro entrando em um ciclo de queda de juros.”
A condução das contas públicas também segue no radar, como um fator de risco importante e que pode jogar um balde de água fria na Bolsa. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que o governo dificilmente conseguiria entregar a meta de déficit zero no ano que vem, estipulada dentro do âmbito do Arcabouço Fiscal.
“Se começarmos a flexibilizar o modelo, não seguindo o arcabouço ou alterando a meta, o resultado será o aumento da insegurança em relação à trajetória da dívida e o compromisso com as contas públicas. Essa insegurança vira prêmio de risco, ou seja, mais juros”, diz Funchal.
E-Investidor – Quais fatores poderiam provocar uma desaceleração nos cortes na Selic?
Bruno Funchal – Se fosse ter alguma mudança, seria para desacelerar o ritmo de cortes em função da dinâmica dos Estados Unidos. No último mês, os EUA têm sido um player super relevante e influente na nossa política monetária. Se o Federal Reserve (Fed) continuar mantendo o juro muito alto por lá, isto pode acabar limitando a capacidade do nosso Banco Central de acelerar a nossa redução da Selic. Esse é um elemento importante que tende a fazer o Banco Central ser mais conservador.
Se acelerarmos o passo na redução da Selic em um cenário onde os Estados Unidos está com uma política monetária restritiva, correremos o risco de nossa moeda se desvalorizar porque o diferencial de juros entre os países fica muito pequeno. A desvalorização da moeda pode gerar um problema inflacionário e não queremos isso.
O outro ponto é que, dependendo da dinâmica da guerra em Israel, o conflito poderia afetar os preços do petróleo e gerar inflação também. Mas o que temos conversado com os analistas políticos de Oriente Médio é que o confronto está muito localizado ainda. O risco de se alastrar para ter, de fato, impacto em preços do petróleo, ainda é pequeno.
E tendo em vista todo esse plano de fundo, qual é a sua projeção para a Selic?
Hoje nossa projeção é de 9,5% para a Selic no final do ciclo, que também é uma boa notícia para…
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