Em 4 anos, 4 países trocaram governistas de direita; em 2023, 9 países estão sob comando de esquerdistas
Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomou posse em janeiro, 9 dos 12 países da América do Sul estão sob comando de governos de esquerda. Nos últimos 4 anos, 4 países trocaram governistas de direita por líderes progressistas.
Na Argentina, que atualmente é governada pelo peronista Alberto Fernández, o cenário pode mudar. O candidato de direita, Javier Milei, disputa o 2º turno das eleições –que serão realizadas em 19 de novembro– com o atual ministro da Economia, Sergio Massa (esquerda).
Com a 2ª maior economia da região, a eleição de Milei pode interromper o aumento do número de governos de esquerda na América do Sul e indicar uma nova tendência no continente.
No 1º turno, Massa ficou à frente de Milei, com 36,68% dos votos válidos, enquanto o representante da coalizão La Libertad Avanza conquistou 29,98% da preferência eleitoral, mas parte dos votos do 2º turno das eleições ainda está em disputa.
Em 25 de outubro, a 3ª colocada no 1º turno das eleições, Patricia Bullrich (direita), declarou apoio a Milei para a 2ª rodada do pleito. A macrista teve 23,83% dos votos. Caso consiga vencer em 19 de novembro, Milei será o 4º presidente de direita na América do Sul.
Em 2019, apenas 6 países do continente –Venezuela, Guiana, Suriname, Equador, Bolívia e Uruguai– eram comandados por governos de esquerda. O cenário mudou depois da eleição de Fernández na Argentina. Agora, a vitória de Milei no país pode ter o efeito contrário.
No começo de outubro, o empresário Daniel Noboa foi eleito presidente do Equador ao derrotar a candidata de esquerda Luisa González, mantendo a direita no comando no país.
A Venezuela é governada pela esquerda desde 1998, quando Hugo Chávez assumiu a Presidência. No entanto, o atual presidente, Nicolás Maduro, concordou em realizar eleições transparentes e fiscalizadas por organismos internacionais em 2024. Em troca, os Estados Unidos aceitaram aliviar sanções comerciais ao setor petrolífero venezuelano.
Em 2018, Maduro venceu as eleições, mas o resultado não foi reconhecido pela oposição. Ele comanda o país desde 2013. Assim como os Estados Unidos, o Brasil classificou na época como uma eleição “fraudulenta”.
Com isso, a oposição pode assumir o comando da Venezuela em 2024 e reforçar uma guinada à direita.
Economia sul-americana
Segundo dados do Banco Mundial, os países comandados por presidentes de esquerda somaram US$ 3,5 trilhões em produção regional em 2022. Já as nações governadas por líderes de direita –Equador, Paraguai e Uruguai– acumularam US$ 227,95 bilhões no mesmo período.
A Venezuela não divulga os dados do PIB (Produto Interno Bruto) de forma regular desde 2014. Dessa forma, a nação não foi considerada no levantamento do Poder360.
O Brasil tem o maior PIB do continente sul-americano. Em 2022, contribuiu com aproximadamente 54,8% da produção regional e, em 2021, com 50,1%. Em valores correntes, a arrecadação foi de US$ 1,9 trilhão e US$ 1,609 trilhão, respectivamente.
A Argentina é a 2ª maior economia da América do Sul e a 22ª no mundo, com o PIB de US$ 632,77 bilhões, segundo dados de 2022 do Banco Mundial. Sob comando da esquerda em 2019, a nação foi responsável por 13,3% do produto interno sul-americano e, em 2022, por 18%.
Segundo especialistas entrevistados pelo Poder360, uma eventual vitória de Milei terá impacto na relação entre os governos brasileiro e argentino. Isso porque o candidato de direita tem um alinhamento político e econômico diferente do presidente Lula.
Milei já afirmou anteriormente que, caso seja eleito, não negociará com o Brasil. Chegou a acusar Lula de tentar prejudicar sua campanha e a enviar um vídeo dizendo amar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Além disso, dentre as propostas de Milei, estão a dolarização da economia e o fechamento do Banco Central. A possível implementação dessas medidas podem dificultar a permanência da Argentina no Mercosul, barrar negociações com a China e travar a adesão do país à OCDE.
Em entrevista ao Poder360, o economista e professor da UnB (Universidade de Brasília) Newton Marques explica que a proposta do libertário “é contra toda a filosofia do Mercosul”.
“Se a Argentina não falar mesmo a língua já começa a dificultar, e a Argentina é um…
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