Decisões do governo quanto as metas fiscais, bem como a evolução das taxas de juros, afetarão diretamente o panorama econômico de curto, médio e longo prazo, escreve Carlos Thadeu
A falta de uma definição clara das metas fiscais no Brasil pode gerar preocupações quanto à volatilidade das expectativas econômicas. Em particular, as taxas de juros de longo prazo têm se tornado um foco de atenção, uma vez que sua evolução depende fortemente das perspectivas fiscais. É fundamental compreender a relação entre metas fiscais, taxas de juros e a estabilidade econômica.
As taxas de curto prazo, como a Selic, estão sob a alçada do Banco Central e frequentemente são ajustadas para controlar a inflação e garantir a estabilidade monetária de curto prazo. No entanto, as taxas de juros de longo prazo são influenciadas principalmente pelas expectativas do mercado em relação à política fiscal do governo.
Recentemente, temos observado um aumento nas taxas de juros de longo prazo devido às incertezas fiscais. A falta de metas fiscais claras e a apresentação de um orçamento com deficit fiscal zero ao Congresso Nacional geraram dúvidas sobre a sustentabilidade das finanças públicas. A expectativa de inflação também reflete um crescimento econômico mais modesto para o próximo ano.
A curto prazo, a economia brasileira parece navegar em águas tranquilas, caracterizadas por uma inflação mais baixa, um aumento no emprego e um crescimento do PIB. No entanto, as incertezas predominam quando olhamos para o médio e longo prazo, e isso se deve principalmente à política fiscal do governo.
Evidenciando isso, o último resultado do ICEC (Índice de Confiança do Empresário do Comércio) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo caiu 3% frente ao mês anterior já descontado os efeitos sazonais. Sendo essa a 2ª queda consecutiva, revela um menor otimismo do comerciante impulsionado pela incerteza econômica. Principalmente, tratando-se do final de 2023.
Para evitar riscos futuros, o governo brasileiro precisa tomar medidas concretas. A ausência de contenção de despesas no Orçamento exige que sejam feitas escolhas difíceis: mudar as metas fiscais, aumentar a arrecadação ou implementar cortes nas despesas. Tudo isso dependerá do rigor fiscal.
Além disso, as taxas de juros americanas em ascensão acrescentam outro dilema para o Banco Central, uma vez que podem afetar a economia brasileira, especialmente em meio às incertezas em torno das metas fiscais. Portanto, é crucial que o governo tome decisões sólidas sobre as metas fiscais o mais rápido possível para evitar aumentar a volatilidade na economia.
Uma questão importante a ser observada é a dívida pública, que tem aumentado. A falta de resolução das incertezas fiscais pode afetar adversamente as taxas de juros futuras, que podem não cair tão rapidamente quanto o esperado.
Em resumo, as metas fiscais desempenham um papel crítico na estabilidade econômica do Brasil. As decisões do governo quanto as metas fiscais, bem como a evolução das taxas de juros, afetarão diretamente o panorama econômico de curto, médio e longo prazo. Portanto, é imperativo que medidas adequadas sejam tomadas para garantir a solidez das finanças públicas e promover a confiança dos investidores.
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