Região conecta três continentes, África, Ásia e Europa
Com a brutalidade de dragão do Apocalipse, como Estado colonialista, racista e que submete a apartheid há 76 anos o povo palestino, Israel segue aumentando os ataques e exterminando milhares de civis em Gaza. A cada minuto aumenta o número de mortos. Já são mais de 20 mil feridos e 10 mil palestinos assassinados, sendo que 73% dos mortos são crianças, mulheres e idosos. São mais de 3 mil crianças mortas e tem mais de 2 mil crianças desaparedidas.
Eu estive duas semanas na Palestina estudando arqueologia bíblica e geografia bíblica. Vi com meus olhos o tanto que o povo palestino vem sendo injustiçado e violentado pelo Estado de Israel há muitas décadas. Nos últimos anos, de forma muito mais brutal sob governo fascista de extrema-direita atrelada ao senhores da guerra, os EUA.
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Após concluir o mestrado em Exegese Bíblica, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma, na Itália, sete padres colegas e eu fizemos uma viagem-estágio, em março de 2000, à “Terra Santa” de Israel-Palestina. Partilho aqui algumas impressões, “coisas” que vi e escutei lá em Israel-Palestina e que me marcaram muito.
Ponto de ligação Europa, Ásia e África
O centro-sul de Israel-Palestina é quase só um deserto, uma desolação imensa. Ao constatar esse perfil geográfico, imediatamente me veio a consideração: “Mas esta é a terra que Deus prometeu aos nossos pais e mães?!!! Terra em que corre leite e mel?!!! Por que e para que brigar tanto pelo controle desta terra?”. Entretanto, ao chegar às planícies da Galileia, no norte da Palestina, vi que ali a terra é muito fértil. Na Galileia se produz de tudo – é um paraíso terrestre, um grande celeiro agrícola. A Palestina tem sido disputada, há mais de 4 mil anos, em vista de ser uma região estratégica para a geopolítica do Oriente Médio – geograficamente é ponto de ligação entre três continentes: Europa, Ásia e África.
A Jerusalém Antiga é hoje um grande mercado religioso. E Jesus “torrou a paciência” e, com o sangue fervendo de indignação, “chutou o pau da barraca” lá na frente do Templo e arrematou: “Vocês estão fazendo da casa do meu Pai um covil de ladrões!” (cf. Lc 19,45; Mc 11,17), imaginem agora que toda a Jerusalém (e o mundo) é um grande mercado. As ruas da Jerusalém antiga são muito estreitas. Automóveis circulam somente em algumas ruas. Na maioria das vielas só podem passar uns pequenos tratores que transportam mercadorias e recolhem resíduos.
Os judeus, após 1948, construíram ao lado da Antiga Jerusalém, uma Jerusalém Nova, uma cidade de primeiríssimo mundo, muito luxuosa.
Militares por todo lado
Em Israel, o serviço militar é obrigatório: três anos para os rapazes e dois anos para as moças. Israel tem um poderosíssimo arsenal bélico. Por exemplo, em Hebrom, onde a quase totalidade da população é palestina, em março de 2000, ainda viviam dois mil judeus. Estavam lá 500 soldados para dar “segurança” a esses judeus: um soldado para cada quatro judeus.
Vi diversas pessoas judias andando em Jerusalém (e no caminho para Jericó) com um ou dois soldados com metralhadora nas mãos fazendo sua escolta. Cada família hebraica que vive em território palestino tem direito à escolta de dois soldados judeus com metralhadora nas mãos, 24 horas por dia. Em Hebrom pudemos sentir a grande tensão que existe entre palestinos e israelenses.
Existem barreiras do exército de Israel por todos os lados, o que configura apartheid. Prática que Israel está fazendo há muitas décadas contra o povo palestino, que quando não é morto ou exilado ao terem seus territórios invadidos por Israel, tem que se submeter a revistas das forças de segurança de Israel.
Tivemos que passar no detector de metais diversas vezes, sobretudo quando tentamos entrar na mesquita de Omar, no Muro das Lamentações e no Túmulo dos Patriarcas em Hebrom. Um dos meus colegas não pôde entrar com um binóculo para ver melhor à distância. Mesmo sendo descendente de judeus perseguidos na Península Ibérica que foram forçados a migrar para o Brasil,…
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