O mercado vive uma relação complicada com a Petrobras (PETR4). Embora não consiga enxergar um futuro de longo prazo junto à estatal, por conta principalmente da insegurança política, também não é capaz de recomendar a venda das ações da companhia.
A petroleira vem reduzindo o patamar de suas remunerações nos últimos meses e pode não voltar aos números registrados em 2022, quando figurou entre as maiores pagadoras de dividendos do mundo. Recentemente, a Petrobras liderou pela segunda vez consecutiva os cortes de dividendos em todo o planeta, de acordo com a 40ª edição do Índice Global de Dividendos da gestora britânica Janus Henderson.
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No terceiro trimestre de 2022, a Petrobras havia remunerado os seus investidores com US$ 12,3 bilhões em dividendos, enquanto no mesmo período deste ano o montante recuou para US$ 2,8 bilhões. O corte foi de US$ 9,6 bilhões, o maior do mundo.
No segundo trimestre deste ano, a petroleira também fez a maior redução de proventos do mundo, de US$ 6,3 bilhões na remuneração dos investidores.
Segundo Luan Alves, analista chefe da VG Research, a situação vivida em 2022, quando a Petrobras chegou a ter um retorno em dividendos (dividend yield) superior a 50% não deve se repetir mais. “Não faz sentido uma empresa pagar isso”, diz.
Na visão do especialista, a Petrobras poderia ser uma companhia com dividendos na ordem de 12% a 13% ao ano, que ainda seriam interessantes, mas não o suficiente para colocá-la novamente entre as maiores pagadoras do mundo. Mas como seria essa nova Petrobras e o que os analistas estão observando nela? Veja alguns pontos no radar do mercado.
Plano estratégico e os dividendos
O dia mais importante para a Petrobras e seus dividendos ainda vai ocorrer, provavelmente em 28 de novembro, quando a companhia vai anunciar seu Plano Estratégico de investimentos para os próximos cinco anos (2024-2028).
Segundo Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, para o mercado seria aceitável um montante de até US$ 95 bilhões, de forma que não comprometa os dividendos nos próximos anos. Contudo, já há agentes de mercado preocupados com a possibilidade de que o plano possa ser de US$ 100 bilhões ou mais, pressionando o fluxo de caixa da empresa e os proventos. Atualmente o patamar destinado a investimentos da companhia está em US$ 78 bilhões.
“Quanto mais você aporta para investimentos, menos sobra para dividendos. Mas além do valor é importante ficar atento ao qualitativo desse investimento e acompanhar a execução”, diz Arbetman. Segundo ele, qualquer valor acima de US$ 100 bilhões será considerado ruim pelo mercado e pode gerar volatilidade nas ações.
Para os analistas da Genial, o plano de investimentos da Petrobras deve ser interpretado por dois ângulos: o volume de investimentos e onde eles serão alocados. Segundo os analistas, o plano deve trazer também investimentos internacionais para a companhia como aquisições, eólicas offshore e refino.
Em relação aos dividendos, a Genial reforça que devem ser menores daqui em diante por conta do aumento de recursos destinados aos investimentos. A casa de análise projeta três cenários para os proventos:
Um cenário base com investimentos de US$ 78 bilhões, semelhante ao patamar atual, o que considerando a política atual de distribuição daria um dividend yield projetado de entre 12,2% e 14,8% para 2024 e 2025.
Já no cenário realista, a Genial acredita em um plano estratégico de US$ 85 bilhões, com um dividend yield projetado de 10,5% para 2024. E no cenário pessimista, com US$ 100 bilhões destinados ao plano de investimentos, o dividend yield chegaria a 7% em 2024.
“É importante lembrar que…
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