14 de novembro de 2023
21:11
Mayara Subtil – Da Agência Cenarium Amazônia
BRASÍLIA (DF) – A manutenção dos juros em alta tira a força do mercado de trabalho, pois contribui para o déficit na criação de vagas ou, em um cenário ainda pior, infla o desemprego no Brasil. De acordo com economistas ouvidos pela AGÊNCIA CENARIUM AMAZÔNIA, os empréstimos e financiamentos também são afetados, uma vez que é preciso desembolsar mais dinheiro em razão do encarecimento de ambos os processos financeiros.
“Quando os empresários deixam de produzir, acabam demitindo ou não contratam. O setor produtivo não quer aplicar em contratar mão de obra, comprar matéria-prima e entrar no processo de produção, pois o retorno que vai ter será inferior à taxa de juros quando há uma elevação”, disse o economista Newton Marques. O professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo, vai além ao dizer que quem ganha com os juros altos é quem mira em aplicações.
“Os juros altos são bons para quem investe, para quem aplica. Agora, é ruim para quem toma empréstimo ou financiamento, pois a taxa de juros alta aumenta o custo do dinheiro e fica difícil fazer investimento, ou seja, no caso do empresário, investir na produção. É muito melhor tomar uma decisão quando os juros estiverem menores. Isso faz parte do controle da política monetária”, detalhou.
No início de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou mais um corte de 0,50 ponto percentual (p.p.) da taxa básica de juros (Selic) para 12,25% ao ano. Com essa, que foi a terceira redução seguida por parte do Banco Central do Brasil, a taxa chega ao seu menor patamar desde maio de 2022, à época, em 11,75% ao ano. Segundo o professor de economia do Ibmec São Paulo, Alexandre Pires, esse processo faz parte de uma manobra por parte da autoridade monetária para controlar a inflação.
“E [o Banco Central] faz esse controle da inflação pelo volume de dinheiro que deixa na economia. Quando falamos em subir ou baixar juros, estamos falando se o Banco Central vai manter o que a gente chamaria de base monetária ou se ele vai aumentar essa base. Os juros servem para retirar dinheiro da economia”, explicou.
O processo funciona assim: o Banco Central determina, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa de juros. O objetivo do BC é manter a inflação dentro da meta que, por sua vez, é determinada por um grupo formado pelo Banco Central e pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Na verdade, conseguir manter a inflação dentro da meta é um dos três pilares da estabilidade econômica brasileira desde a implantação do Plano Real na década de 1990. A taxa de juros, portanto, é o principal mecanismo para conquistar esse controle. “Como é um juro básico, a Selic acaba por influenciar. Ou seja, encarece o dinheiro. Toda vez que sobe, os financiamentos ficam mais caros. Assim, desincentiva muitas vezes o consumo”, complementou o professor Alexandre Pires.
Lula versus BC
A questão da alta dos juros colocou em lados opostos o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central. Desde o início do ano, o chefe do Executivo teceu diversas críticas ao BC e afirmou que não existe explicação para uma taxa de juros que considera alta demais, pois é o que tem prejudicado o crescimento do País.
Para se ter uma ideia, em…
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