Quando o assunto é nutrição e bem-estar, é comum ver certos ingredientes como “vilões”. A margarina é um desses casos, fazendo com que muitas pessoas optem por usar a manteiga como alternativa de consumo.
Mas afinal, de onde vem essa má fama? Qual das opções é a mais saudável? Conversamos com três especialistas para entender a polêmica e sanar as dúvidas. Confira!
Qual é a diferença entre manteiga e margarina?
Segundo a médica Lorena Balestra, pós-graduada em nutrologia e endocrinologia, a manteiga é um produto derivado da nata do leite animal, rico em gorduras saturadas e colesterol. “Já a margarina é obtida pela hidrogenação de óleos vegetais, como de milho ou girassol, e pode conter gorduras saturadas. Mas as versões modernas costumam ser formuladas sem gordura trans”, diz.
Ela diz que a manteiga tem sido historicamente vista como opção mais saudável devido à presença natural de gorduras e ao processo menos industrializado em comparação com as primeiras formulações de margarina, que continham gordura trans prejudicial.
O que é mais saudável?
A gordura é o ponto central da discussão sobre a saudabilidade desses produtos. Para entender melhor, é preciso saber que as gorduras saturadas, presentes na manteiga, são facilmente digeridas pelo organismo humano e usadas para fornecer energia e produzir hormônios.
Por isso, a manteiga costuma ser mais benéfica que a margarina, cujas gorduras trans não são facilmente digeridas e podem se acumular no sangue e nos órgãos.
Em contrapartida, as gorduras insaturadas da margarina podem elevar o colesterol considerado bom (HDL) e diminuir o colesterol “ruim” (LDL). Além disso, o mercado já oferece versões de margarina sem gordura trans, que são consideradas melhores.
Como as gorduras saturadas, a trans pode levar ao aumento dos níveis de colesterol, o que é um fator de risco cardiovascular. “Isso significa que ele tem relação direta com a ocorrência de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), principais causas de morte no mundo e em nosso país”, explica Marcelo Cantarelli, médico cardiologista intervencionista.
Além disso, o aumento do colesterol – especialmente da fração LDL – leva ao aparecimento da aterosclerose, placas de gordura que se formam nas paredes das artérias, podendo causar obstruções. “Ela pode acometer diferentes artérias do nosso organismo, reduzindo o fluxo de sangue para os tecidos e órgãos de maneira crônica ou aguda”, diz Marcelo.
Além do coração (devido à obstrução das coronárias, levando a angina ou infarto) e do cérebro (em decorrência da obstrução de ramos cerebrais, levando ao AVC), rins, retina, intestinos, genitais e membros podem ser afetados pela condição.
Assim, algumas doenças causadas pela aterosclerose incluem insuficiência renal, hipertensão renovascular, redução da visão, disfunção erétil, isquemia mesentérica e isquemia dos membros inferiores.
Grupos de risco
Marcelo afirma que todos nós precisamos conhecer nossos níveis de colesterol, mas que, para alguns grupos, a vigilância deve ser maior.
“A dislipidemia (nome dado a doença do aumento do colesterol) pode ser familiar e genética, e nesse caso, o colesterol pode estar elevado desde a infância. Sendo assim, se houver casos na família (principalmente os pais) com colesterol elevado, mesmo jovens, é importante que o exame seja feito nas crianças”, orienta.
Read More: Manteiga x margarina: saiba qual é o mais saudável e os riscos do consumo |