A edição deste ano da Black Friday pode não ter sido das melhores para o varejo. Mas na bolsa brasileira, os investidores aproveitaram os preços em liquidação de algumas das principais ações do setor, como Magazine Luiza (MGLU3), Casas Bahia (BHIA3) e até mesmo a Americanas (AMER3).
Das três principais varejistas online listadas na B3, o Magalu é que apresenta o melhor desempenho, com uma alta de 43,61% em novembro. Enquanto isso, as ações da Casas Bahia registram um avanço de 17,78% e as da Americanas sobem 9,41% no mês. As cotações são do fechamento desta terça-feira (28).
Vale destacar que a disparada recente ainda está longe de apagar a forte queda acumulada das ações no ano. E, exceto pelas Americanas, que enfim conseguiu divulgar os balanços atrasados e avançou no acordo com os credores dentro do processo de recuperação judicial, nenhuma das varejistas teve muito o que celebrar recentemente, pelo contrário.
Fonte: TradingView em 28/11/2023.
O desempenho das gigantes do varejo na B3 foi na contramão das notícias corporativas nem tão animadoras assim, especialmente após os balanços trimestrais mais fracos que o esperado e a frustração com o faturamento na Black Friday de 2023.
Então, o que está por trás da forte alta do varejo? E, mais importante que isso: essa alta deve se manter ou será um movimento temporário? Nós fomos atrás dessas respostas para você. É só continuar a leitura.
O que aconteceu? É a economia, investidor
Para entender além o que motivou a alta das ações do Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3), precisamos falar, mais especificamente, dos juros.
O setor de varejo é um dos segmentos mais sensíveis aos fatores macroeconômicos, como inflação e a trajetória dos juros — daqui e dos Estados Unidos.
Para início de conversa, a maior economia do mundo começou a sentir um processo de desinflação, o que reforçou, entre outros fatores, a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) já atingiu o patamar mais elevado do aperto monetário.
E quando há uma boa notícia sobre os juros nos Estados Unidos, o Brasil, como um país emergente, também comemora.
Com o alívio na maior economia do mundo, a expectativa é que a Selic mantenha o ritmo de corte nos próximos meses e se aproxime de uma taxa terminal abaixo dos dois dígitos no fim do ciclo de reduções dos juros. Nos cálculos da Rio Bravo, o Copom pode atingir uma Selic de 9,25% ao final de 2024.
Em declarações recentes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou as expectativas de que o ciclo de cortes de 0,50 ponto percentual na Selic deve continuar nas próximas reuniões.
E, por consequência, os ativos cíclicos — que são mais sensíveis aos fatores macroeconômicos — ganham impulso na B3. Como resultado, beneficiou as ações da Magazine Luiza e Casas Bahia.
Mas, para além dos juros, a redução das preocupações com o fiscal do Brasil também ajudou as perspectivas para o cenário macroeconômico doméstico.
Atenção: o preço também importa
Uma verdade no mercado de capitais é que preço importa — e, no caso das ações de varejo, os valores há muito encontravam-se pressionados na bolsa brasileira. Por isso, qualquer lapso de melhora ou surpresa positiva leva a uma reação mais forte dos papéis.
Para gestores que analisam o setor, o desempenho recente dos papéis também pode ter se tratado de um movimento técnico, explicado pela (des)montagem de posição em empresas como o Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3).
Isso porque, por serem empresas mais endividadas durante o período de alta dos juros no Brasil, muitos investidores e fundos saíram das ações — ou até mesmo apostaram contra as ações das varejistas na B3.
Dessa forma, com ventos macroeconômicos mais favoráveis para o setor e com resultados ruins, mas ainda acima das expectativas — que estavam muito baixas —, os investidores teriam reorganizado as carteiras.
Magazine Luiza e Casas Bahia: balanços que deram o que falar
Antes de passar para os motivos da alta das varejistas na bolsa brasileira, não podemos nos esquecer de outros dados…
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