Hoje vou falar sobre a lesão de Neymar, mas de uma nova perspectiva. Alguém já pensou em como funciona o processo de produção de molho de tomates ou derivados, como o catchup? Em linhas gerais, a fábrica recebe o tomate in natura, que passa por um processo de lavagem, seleção (que é cada vez mais automatizado), trituração, cozimento, vira suco, evapora, pasteuriza e pronto! Vira poupa concentrada para os diversos usos.
Por mais que haja uma série de fatores que influenciem o resultado, como a qualidade dos tomates, ainda assim o processo é relativamente controlado. Pode-se aumentar a capacidade de recepção de tomates, trocar a máquina de seleção, o triturador, o pasteurizador, etc e tal, e a produção é certamente maior, mais rápida, e há ganhos de eficiência mensuráveis.
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Ou seja, quando se investe numa fábrica de molho de tomate, é possível planejar o custo, as receitas, o lucro, a melhora de produtividade e o retorno desse investimento.
Deixemos o molho de lado enquanto a pasta está cozinhando. Vamos para Montevideo, terra de boa carne. E vamos falar sobre a lesão de Neymar.
Al Hilal: clube de Neymar foi um dos que mais investiram em contratações
Na última partida da Seleção Brasileira, Neymar sofreu uma dura lesão de joelho, que tende a afastá-lo dos gramados por pelo menos 6 meses, conforme as primeiras notícias. Impacto grande para a Seleção, considerando que é nosso jogador mais talentoso.
Agora pense no Al Hilal, o clube saudita que o contratou recentemente. Neymar faz parte de um projeto bilionário do governo local para ajudar a melhorar a imagem do país. Processo de sportwashing clássico, no qual utiliza-se o esporte para passar uma imagem de modernidade e boas práticas.
O Al Hilal foi o segundo clube que mais investiu na última janela de contratações. Foram € 353 milhões, sendo que € 90 milhões para a contratação do brasileiro. A liga saudita colocou € 939 milhões em sua totalidade, sem contar os salários dos próximos 3 anos.
E daí, numa partida que nem tem relação com o investimento feito, a liga saudita perde uma de suas maiores estrelas. Futebol que já é bem fraquinho do ponto-de-vista técnico, que tem menos visibilidade na mídia que a MLS carregada nas costas por Messi, e ainda perde uma referência midiática.
A lesão de Neymar e a liga árabe
Vamos voltar agora à “pasta al pomodoro”. Mas o que tem a ver o molho de tomate com o Neymar e a liga árabe? Tudo.
O futebol não é uma indústria óbvia em sua gestão. Não é produzir molho de tomates, onde a despeito de suas dificuldades e características únicas, há uma certa racionalidade no processo. Investe-se em plantação, compram-se máquinas, contratam-se pessoas e a produção será sempre mais ou menos a esperada.
No futebol, a incerteza é muito maior. Contrata-se o craque a peso de ouro e ele se contunde, ou não se adapta ao lugar, ao elenco, ao treinador. E contratam-se vários atletas que nem sempre “dão liga” a ponto de formar uma equipe, mesmo que os métodos de escolha sejam os mais modernos, baseados em scouting e uso de dados, organizados por profissionais capacitados.
E o centro de treinamento pode ter o melhor gramado, a chuteira de melhor qualidade, a bola mais moderna, e ainda assim ela bate na trave e vai para fora, enquanto o chute da equipe que não paga salário, que treina em campo esburacado, que contrata sem critério, desvia em alguém e entra.
O Brasil vive uma expectativa de investimentos em futebol. Não só o Brasil: na Europa os investimentos em compra de clubes também estão acelerados. Mas os investidores nem sempre percebem que a maior dificuldade nem é encontrar os clubes, e sim, entender como funciona o futebol.
Como ganhar dinheiro com futebol?
Já falei sobre isso várias vezes, mas nunca é demais recordar. Para se ganhar…