Ternium anunciou ontem acordo para assumir controle da siderúrgica por US$ 111 milhões; mercado reage bem
O anúncio de que o grupo Ternium (T/T) fechou acordo com a Nippon Steel (NSC) para assumir o controle da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) movimentou o mercado nesta quinta-feira (30). Embora a transação de aproximadamente US$ 111 milhões ainda esteja sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), as ações da companhia dispararam 7,03%, chegando a R$ 7,31, sinalizando boa aceitação por parte dos investidores.
Atualmente, o grupo de controle da produtora de aços planos envolve 68,6% das ações ordinárias da empresa e é dividido entre 31,45% para o Nippon, 32,28% para a Ternium e 4,84% para o fundo de previdência Usiminas. O novo acordo prevê que o grupo T/T terá uma participação total de 61,3% no grupo de controle, enquanto o grupo NSC e a Previdência Usiminas totalizarão 31,7% e 7,1%, respectivamente.
Especialistas ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO convergem na opinião de que a negociação será benéfica tanto para a companhia quanto para o setor.
O analista da Terra Investimentos, Luis Novaes, lembra que a siderúrgica registrou fraco desempenho nos últimos anos e que a disputa de controle da companhia era vista como um ponto negativo para a evolução da empresa no longo prazo. Esses motivos, somados à incerteza sobre a estabilidade econômica global, podem ter estimulado a NSC a realizar o desinvestimento.
O mercado latino-americano, por sua vez, sempre foi de grande importância para a Ternium e a empresa encontrou uma excelente oportunidade para tornar o investimento médio menor na Usiminas e assumir o controle de forma isolada.
“O acordo é positivo para a Usiminas. A disputa sobre o controle da empresa sempre foi uma trava ao desenvolvimento da siderúrgica e o negócio demonstra o comprometimento do controlador com o investimento realizado há não muito tempo. Ao assumir o controle, é esperado que a Ternium aja na direção de uma maior eficiência operacional da empresa, e isso pode ter impacto no mercado siderúrgico como um todo”, avalia.
O relatório dos analistas do Itaú BBA concorda que o negócio demonstra o comprometimento da Ternium com o investimento na Usiminas. “Após uma queda de 52% no preço das ações nos últimos 12 meses, acreditamos que as ações preferenciais da Usiminas podem encontrar algum alívio com a indicação de que a Ternium pretende permanecer uma empresa controladora e ativa acionista”, consta no documento.
Posição da Ternium tranquiliza acionistas da Usiminas
O economista e CFO da Somus Capital, Luciano Feres, avalia que tamanho otimismo também advém da posição de referência que a Ternium possui no mercado. Segundo ele, ter como majoritário um acionista que tem experiência e é referência no segmento, proporciona mais tranquilidade para os acionistas. Além disso, o mercado de aço tem apresentado alta nos preços e há uma demanda elevada, com a China voltando a construir após o longo período de lockdown e os problemas enfrentados por outros players, como a Rússia.
“Em resumo, existe um campo muito bom para explorar e, olhando como a Usiminas, tendo um acionista de referência, é capaz de a empresa ter um turn around muito positivo”, comenta.
Feres também lembra que a Nippon vai continuar com pouco mais de 30% das ações, mas que a grande mudança na estrutura societária seria a Ternium assumindo a liderança, mudando toda diretoria. “Será uma empresa muito mais eficiente para tentar brigar com grandes players e tentar conquistar novos”, aposta.
O especialista da Valor Investimentos, Paulo Luives, reforça que a redução da participação da Nippon ocorreu muito pela visão de ambas as acionistas de que a Usiminas…
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