O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) avaliou que tanto uma redução da Selic, a taxa básica de juros, em 0,25 ponto percentual, quanto um corte de 0,5 ponto percentual seriam compatíveis com a convergência de inflação para a meta. Para os membros do colegiado, em reunião na semana passada, a evolução do cenário e a forte queda da inflação permitiram “acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária”.
“Qualquer que fosse a decisão, era consensual que um cenário com expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta para a inflação e atividade econômica resiliente requer uma postura mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária. Mais ainda, ambas as opções, a depender do ciclo empreendido, seriam compatíveis com a convergência da inflação para a meta”, diz a ata da reunião, divulgada nesta terça-feira (8) pelo BC.
Na ocasião, o BC decidiu reduzir a Selic de 13,75% ao ano para 13,25% ao ano. Foi o primeiro corte de juros em três anos.
A última vez em que o BC tinha reduzido a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em março de 2021, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
A taxa Selic é o principal instrumento de BC para alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O Copom também informou que os membros do colegiado preveem, por unanimidade, cortes de 0,5 ponto nas próximas reuniões. Segundo a ata, o órgão avalia que esse será o ritmo adequado para manter a política monetária contracionista (juros que desestimulam a economia) necessária para controlar a inflação.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária, diz a ata.
Inflação registrada
Em junho, houve deflação no país, ou seja, um recuo nos preços na comparação com maio. O IPCA ficou negativo em 0,08%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o quarto mês seguido em que a inflação perdeu força. Em maio, o IPCA foi de 0,23%.
No ano, o índice soma 2,87% e, nos últimos 12 meses, 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e seguindo a tendência de queda apresentada desde junho de 2022, quando o índice estava em 11,89%.
Após as análises de risco e das conjunturais nacional e internacional, os membros do Copom, concluíram, de forma unânime, “pela necessidade de uma política monetária contracionista e cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica desinflacionária”.
Segundo o BC, os dados sobre o crescimento econômico do Brasil “seguem compatíveis com o cenário-base de moderação da atividade”. Sobre o comportamento da inflação, os membros discutiram o recente comportamento da inflação de serviços, que se mantém resiliente.
“Notou-se que os indicadores desse segmento apontam para uma continuidade na trajetória de desinflação do período recente, a despeito de alguma oscilação em níveis ainda acima do patamar compatível com a meta. Em tal discussão, enfatizou-se que é mais relevante focar nos seus fundamentos subjacentes, citando-se, particularmente, possíveis mudanças no mercado de trabalho e na dinâmica da atividade, do que de movimentos pontuais da inflação de serviços, relativos a algum componente ou algum período”, diz a ata.
Metas de inflação
O Copom ressaltou ainda o comportamento positivo das expectativas de inflação após a definição da meta pelo CMN e o anúncio da mudança para o sistema de meta contínua, em junho. As expectativas de mercado impactam a decisão do BC sobre os juros.
“Notou-se, por conseguinte, um impacto positivo nas expectativas de inflação logo após a decisão do CMN, reforçando a interpretação de ganho…
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