Com volatilidade se ganha dinheiro nos investimentos, mas tudo que o mercado financeiro global não quer nesta “super quarta” é surpresa. A profunda transformação econômica causada pela pandemia de Covid-19 nos últimos anos e as tensões provocadas pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia desde o início de 2022 vêm desafiando os bancos centrais em todo o mundo. Depois de muito tempo sendo criticadas pelas ações nos momentos agudos de crise, as autoridades monetárias buscam agora reconquistar a confiança dos players, alinhando as expectativas e aumentando a previsibilidade para os negócios.
Nos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve), seu banco central, deve manter a taxa base de juros da economia americana no intervalo de 5,25%-5,5% ao ano, o maior nível desde o início de 2001. No Brasil, a expectativa é de que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) reduza a Selic em 0,5 ponto percentual, para 12,75% ao ano, na segunda baixa seguida.
Se essas decisões são amplamente esperadas pelo mercado, o mais importante na atitude dos BCs neste momento é a sinalização do que vem a seguir.
Embora a inflação americana esteja se mostrando resiliente, ainda é cedo para dizer que o ciclo de aumento dos juros se encerrou. Essa é a mensagem que o Fed espera passar aos investidores por meio do comunicado divulgado junto à sua decisão, às 15h (horário de Brasília). Logo depois, às 15h30, seu presidente, Jerome Powell, concederá como de praxe uma entrevista coletiva à imprensa na qual se espera que reforce tal mensagem. Mais altas de juros poderiam penalizar excessivamente a atividade econômica, então a postura neste momento é de esperar um pouco mais para ver os efeitos dos últimos apertos monetários antes de dar novos passos. Diante dessa perspectiva, os índices acionários futuros do mercado americano começaram a quarta-feira (20) em alta.
O Brasil, que começou a aumentar os juros para tentar domar a inflação um ano antes dos EUA e está colhendo o sucesso de sua estratégia, deve seguir nos cortes. No entanto, uma aceleração desse movimento de redução, com cortes de 0,75 ponto percentual, não está no horizonte. O Copom publicará um comunicado com a sua decisão, programada para depois das 18h30, e o detalhamento sai na semana que vem, quando a ata da reunião for disponibilizada no site do BC.
“O ritmo de 0,5 p.p. por reunião parece ser o mais seguro para garantir juros mais baixos de forma sustentável adiante. Com projeções de inflação acima da meta e indicadores de atividade acima do esperado, não parece haver urgência para um afrouxamento monetário muito antecipado”, diz Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos.