Olá, seja bem-vindo à Estrada do Futuro, onde conversamos semanalmente sobre a intersecção entre investimentos e tecnologia. Como todos os anos, em setembro temos o evento anual da Apple, a revelação dos novos iPhones e os memes de sempre.
Se você estiver disposto a ir além do meme, uma das perguntas cruciais a se fazer é se você não estaria olhando para o lugar errado.
Explico.
Os limites da inovação
Em 2007, a Apple apresentou ao mundo o iPhone: um retângulo de metal ocupado com uma tela touchscreen e uma câmera de qualidade na parte traseira.
Dezesseis anos depois, o smartphone moderno, ao menos fisicamente, carrega toda a herança de design dos seus ancestrais, com óbvias melhorias na qualidade dos materiais, no acabamento, mas principalmente, no software.
O iPhone 15 carrega o chip A17 da Apple, o primeiro de 3 nm a chegar ao mercado.
Ele é cerca de 10% mais rápido que seu antecessor, apresenta gráficos melhores e é muito mais eficiente (o que significa mais durabilidade de bateria).
Enquanto isso, na China, a Huawei comemora seu primeiro smartphone com chip de 7nm, com duas gerações de defasagem em relação à Apple.
O iPhone 15 também é feito de titânio, o que o torna 10% mais leve que seu antecessor.
Além disso, o novo iPhone Pro será capaz de gravar vídeos em formato “espacial”.
Por que as novidades do iPhone não empolgam
A maioria desses fatores são super interessantes, mas nenhum deles é de fazer saltar os olhos de um consumidor ansioso por novidades.
Isso acontece porque a melhor maneira de pensar o iPhone é como um investimento de juros compostos: ao custo de inovações incrementais, todos os anos, o produto de hoje é ordens de magnitude melhor que a sua primeira versão.
Mas inovações marginais, assim como juros compostos, são processos sem graça, entediantes.
Eles funcionam (em geral, muito melhor do que apostas especulativas), mas não dão bons assuntos no almoço de família aos domingos.
Por isso eu disse que se você está procurando inovação no iPhone, está olhando para o lado errado.
Seu foco deveria ser o Vision Pro — o óculos de realidade virtual da Apple, que será lançado no ano que vem.
E o Vision só foi possível graças ao enorme sucesso comercial do iPhone.
As poucas pessoas privilegiadas de experimentar o Vision Pro (alguns poucos veículos de notícias e analistas de tecnologia) dizem que ele é, de fato, a maior inovação tecnológica da Apple desde o iPhone.
O Vision Pro da Apple esteve presente, mesmo ausente
A nova linha do Apple Watch (a série 9) aceita comandos sensoriais do usuário.
Com o simples toque do indicador e do polegar, será possível navegar no novo Apple Watch, exatamente como no futuro Vision Pro.
Para isso, os sensores do Apple Watch captam padrões muito particulares na dilatação dos vasos sanguíneos do seu braço, e compreendem o gesto ao ponto executá-lo como um comando diretamente no dispositivo.
Tem aspecto de inovação e tem cheiro de inovação. Parece seguro assumir que seja inovação.
Além dos fatores listados acima, os preços foram mantidos estáveis.
Com exceção do modelo Pro Max, todo o restante da linha de iPhones e Apple Watches manteve seus preços de 2022.
E em 2022, eles também tinham mantido preços estáveis em relação a 2021.
Ou seja, enquanto o mundo luta para controlar o maior pico de inflação em 40 anos, a maior empresa do mundo está mantendo estáveis os preços de seus produtos, mirando atingir cada vez mais pessoas.
Faz total sentido, pois a Apple é uma empresa de serviços
Parte da mídia financeira parece ainda não ter se dado conta que a Apple de 2023 é diferente da Apple de 2007.
No 2T23, a receita de serviços representou 25% das receitas totais e cresceu 8% na comparação anual.
Foram US$ 21 bilhões em apenas três meses com vendas de serviços (aplicativos, assinaturas,…
Read More: Esqueça o iPhone 15! Quem acredita que a Apple não consegue mais inovar está