Os CFDs (contract for difference, em inglês), conhecidos como contratos diferenciais, são instrumentos financeiros da família dos derivados. Surgidos em 1974, no Reino Unido, só começaram a ser amplamente negociados na década de 90. Em Portugal, saltaram para a ribalta a partir de 2011.
Como funcionam? Permitem investir em diversos ativos, como ações, índices, moedas, matérias-primas e até pares de divisas Forex. Em vez de comprar o ativo, o investidor especula sobre a alteração do valor, por exemplo, de uma ação, dentro de um certo prazo a fim de obter lucro. Para tal, abre uma posição, apostando na subida (“posição longa”) ou na descida (“posição curta”) do preço dessa ação. Isto é, tenta gerar mais-valias apostando na valorização ou na depreciação dessa ação sem a ter em carteira.
Desta forma, tanto pode aproveitar os movimentos ascendentes ou descendentes dos mercados. Por essa razão, os CFDs são frequentemente considerados instrumentos de curto prazo. O efeito alavancagem faz com que pequenas variações do ativo possam causar grandes variações no preço do CFD. A diferença entre o preço de compra e o de venda é o ganho.
Parece simples, mas é preciso ter cuidado, pois as consequências podem ser devastadoras se, por exemplo, a variação for desfavorável à posição que abriu.
Alavancagem: como funciona
Uma das características mais atrativas, mas também o maior perigo dos CFDs é a alavancagem financeira. Significa que pode investir uma quantia muito superior àquela que realmente possui, aumentando assim o seu poder de negociação. Por exemplo, utilizando uma margem de 5%, só precisa de depositar uma pequena parte do valor total do investimento.
Parece tentador, mas tenha em mente que tanto os ganhos como as perdas serão multiplicados. Se as coisas não correrem como planeado, pode acabar por perder mais do que investiu.
Imaginemos que abre uma posição de 10 mil euros num CFD que tem como ativo subjacente uma ação. Com uma margem de 5%, na realidade, só precisa de ter 500 euros na conta. O restante é “emprestado” pela corretora. Se a ação valorizar 5%, lucrará 500 euros, dobrando assim o seu capital. Todavia, se a ação desvalorizar 6%, terá uma de pagar à corretora.
Portanto, é possível perder mais do que aquilo que investiu. Além disso, se a volatilidade do mercado for elevada, as corretoras podem exigir mais depósitos de margem.
Quais os custos de investir em CFDs?
Os elevados custos associados a estes produtos são a outra grande razão pela qual grande parte dos investidores acaba por perder dinheiro. Antes de começar a negociar é importante verificar os custos.
Podem existir várias taxas associadas aos CFDs, como comissões de abertura ou fecho de posições, taxas de conversão cambial ou taxas de inatividade.
- Uma das mais comuns é o spread, que consiste na diferença entre o preço de compra e o preço de venda de um ativo ou produto. No caso dos CFDs, o spread é a principal forma de as corretoras ganharem dinheiro. Quanto mais apertado for o spread, menor será o custo para negociar o CFD.
- Seguem-se as comissões de negociação. Algumas corretoras podem cobrar uma comissão fixa por cada negociação de CFD realizada. Essas comissões são adicionais ao spread e podem variar de acordo com o valor da negociação ou o número de contratos.
- Por último, as taxas de financiamento overnight. Se mantiver uma posição de CFD aberta durante a noite, pode ser cobrada uma taxa de financiamento, também conhecida como swap. Essa taxa é baseada na diferença entre as taxas de juro das moedas envolvidas na negociação e é, por regra, aplicada diariamente.
Investir em CFDs: sim ou não?
É essencial mencionar que a maioria dos investidores acaba por perder dinheiro com os CFDs. A percentagem é tão elevada que as corretoras foram obrigadas a divulgar esta informação. No site da XTB, por exemplo, pode ler-se que os CFDs são instrumentos complexos e apresentam um elevado risco de perda rápida de dinheiro devido ao efeito de alavancagem. Segundo esta corretora, 79% das contas de investidores não profissionais perdem dinheiro quando negoceiam CFDs.
Estes contratos são frequentemente utilizados para especulação, e muitas corretoras encorajam investidores inexperientes a participar, porque a sua margem de lucro é maior.
Com o intuito de proteger os investidores, foram impostas restrições aos…