O presidente brasileiro é demandado a resolver uma enxurrada de problemas do Brasil e do mundo
Olá, da guerra da Ucrânia à queda da taxa de juros, passando pelo aquecimento global, o presidente brasileiro é demandado a resolver uma enxurrada de problemas do Brasil e do mundo.
.A volta do cara. A presença de Lula na Assembleia Geral das ONU consolida a reinserção do Brasil no mundo depois da troca de governo. O presidente foi coerente com a atuação em outros fóruns, como a cúpula dos BRICS e o encontro do G20, batendo nas mesmas teclas: combate à fome, à pobreza e às desigualdades, e preservação ambiental, cobrando dos países ricos os custos de reverter a crise econômica, social e climática. Com isso, o Brasil se cacifa como o porta-voz das nações pobres e em desenvolvimento, aproveitando o prestígio internacional de Lula. Claro, a intenção não é apenas humanitária, mas também política: o Brasil não só defende a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, como quer a sua vaga. Aliás, apesar das críticas de Lula ao FMI, ao Banco Mundial e ao embargo norte-americano à Cuba, houve uma surpreendente sintonia entre Brasil e Estados Unidos. Além de apoiar as pretensões brasileiras ao Conselho de Segurança, Joe Biden comprou a agenda de Lula pelo trabalho digno, acenando com uma rara boa vontade, o que talvez se explique pela pouca atenção que Rússia e China despenderam à Assembleia da ONU. Isso mostra que os posicionamentos internacionais são mais fluidos do que uma suposta Guerra Fria poderia sugerir. De lambuja, um encontro cordial com Zelensky quebrou o climão que permanecia em torno da questão ucraniana, mesmo sem Lula mudar de posição quanto à busca da paz sem uma condenação da Rússia.
.O fim da aventura humana na Terra. Dos quinze minutos de discurso do presidente Lula na ONU, quatro foram dedicados ao tema ambiental. Para além da pauta ser o cartão de visitas do reposicionamento diplomático brasileiro, as consequências da crise climática assola o país. Depois das chuvas intensas de verão no sudeste e destruição no inverno sulino, o centro-oeste entrará na primavera com picos de calor com riscos à vida. Já as cidades amazônicas puxam a lista das vinte capitais brasileiras com maior aumento de temperatura até 2050. Neste mês, o Centro de Resiliência de Estocolmo informou que, dos 9 limites planetários, a humanidade já ultrapassou seis. Além da denúncia, os desafios do governo são superar os dois maiores responsáveis pelo aquecimento global: o desmatamento causado pelo agronegócio e a emissão de gases que causam o efeito estufa. Por hora, pelo menos podemos comemorar a derrota da tese do Marco temporal no STF que ameaçava a preservação de terras indígenas. Da parte do governo, a transição ecológica foi incluída como peça central no novo PAC e no projeto de reindustrialização do país. O novo regime automotivo, por exemplo, vai aumentar os benefícios fiscais para carros elétricos e outros meios de transportes que utilizem novas tecnologias menos poluentes e mais sustentáveis. O valor, no entanto, ainda é baixo: 2,8 bilhões no orçamento de 2024. Também é polêmico que o governo tenha optado pela financeirização como mecanismo de arrecadação, ou seja, a venda de títulos internacionais, colocando o programa à mercê da especulação. Outra aposta ousada é retomar o investimento para a produção do e-fuel ou “combustível do futuro”, gasolina sintética produzida em laboratório, cujo marco regulatório é parte do projeto enviado ao Congresso e que prevê ainda a redução da emissão por aeronaves, transição para o diesel “verde” e aumento da porcentagem de etanol nos combustíveis.
.A volta dos que não foram. Se a pauta ambiental é a menina dos olhos da política externa, aqui dentro, a chave do sucesso é a economia. Com o corte de mais meio ponto percentual na taxa Selic, o pior capítulo do embate entre o governo e o Banco Central parece ter ficado para trás. O resultado foi um equilíbrio de forças possível, com o governo vendo a queda acontecer, ainda que mais lentamente do que o esperado, e Campos Neto cedendo com parcimônia e mantendo o controle sobre o Banco Central. O resultado reflete também as boas expectativas do mercado para a economia brasileira. Impulsionado pelas exportações de commodities, as previsões para o PIB…
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