Com 8,5 mil quilômetros de faixa litorânea, clima tropical e condições favoráveis à prática de atividades ao ar livre o ano todo, o Brasil tem potencial para estimular o turismo de aventura, que, junto com o ecoturismo, compõe o turismo de natureza. É o que defendem especialistas ouvidos pela Agência Brasil no Dia Mundial do Turismo, celebrado nesta quarta-feira (27). Eles sustentam que, para isso, contudo, o país precisa aprimorar a infraestrutura receptiva, garantindo segurança e bem-estar aos visitantes, e investir mais na divulgação de seus atrativos naturais.
Presidente da Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura (Abeta), Vinicius Viegas, diz ser testemunha do crescente interesse do público em geral pelo turismo de natureza. Mesmo assim, a exemplo de outros entrevistados, ele considera que o Brasil não aproveita todas as possibilidades que o segmento oferece.
“Este aumento ainda está muito aquém do nosso potencial. Não é fruto de uma estratégia de divulgação das várias atividades que um turista pode experimentar ao visitar o país. Quando se trata do turismo esportivo, o interesse estrangeiro está muito mais associado à evolução, à visibilidade que cada esporte conquistou junto a seus praticantes”, pondera Viegas, montanhista e dono de uma agência de viagens especializada no segmento.
Ele cita o exemplo da chamada Rota das Emoções, que interliga Ceará, Piauí e Maranhão. “Hoje, kitesurfistas do mundo inteiro sonham em um dia conhecer e velejar pela região”, acrescenta, ao destacar a forte concorrência entre os principais destinos turísticos globais.
“Neste setor, o sucesso depende de uma conjunção de fatores. Convenhamos, montanhas, cachoeiras e florestas dos mais diversos tipos existem em todo o mundo. Por isso é preciso transmitir segurança e investir mais na divulgação. Porque tirando alguns destinos clássicos que quase todo esportista gostaria de conhecer, como o Havaí para um surfista, a escolha de um destino de viagem envolve vários aspectos, como segurança pública, infraestrutura de transporte, acomodações, custos, alimentação. Tudo pesa. Até as dificuldades com o idioma.”
“Não há o que discutir quanto à potencialidade e à imensa vocação do Brasil para o turismo esportivo e de aventura, mas ainda é necessário um trabalho integrado, estratégico, que apresente o Brasil desta forma no exterior”, concorda a coordenadora de Turismo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Ana Clevia Guerreiro.
“O Brasil é um país sensacional em termos de possibilidades para as atividades ligadas ao turismo de aventura e esportivo. Infelizmente, este potencial ainda não é bem aproveitado e o tema é pouco explorado pelo Poder Público, pelo mercado e no âmbito acadêmico”, acrescenta o diretor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP), Ricardo Ricci Uvinha, especialista em lazer e turismo.
Secretária do Turismo do Ceará, Yrwana Albuquerque Guerra diz que o país ainda é “uma criancinha dentro deste segmento tão lucrativo”. “Precisamos nos assumir como um país propício para a prática de esportes de ação e de ecoturismo e divulgar isso para o mundo”, defende.
O Ceará é frequentemente apontado como exemplo de promoção do potencial de atração turística dos esportes de ação, como o kitesurf.
Esportes de aventura
Atletas como a sete vezes campeã mundial Mikaili Sol (CE), o tetracampeão Carlos Mário “Bebê” (CE) e a tricampeã Bruna Kajiya (SP) ajudaram a propagar entre praticantes do kite a informação de que o Brasil, especialmente o litoral nordestino, é um local privilegiado para a prática do esporte, com condições propícias durante quase todo o ano.
Outro esporte de aventura com potencial para projetar no exterior a vocação brasileira é o surfe. Entre 2014 e 2023, quatro surfistas brasileiros – Gabriel Medina (SP), Adriano de Souza “Mineirinho” (SP), Ítalo Ferreira (RN) e Filipe Toledo (SP) – faturaram sete dos…
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