A Petrobras espera resposta para um pedido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para pesquisar a possibilidade de exploração de petróleo e gás natural na Foz do Amazonas, no Amapá. Entre as principais discussões sobre o tema estão os possíveis impactos ambientais na região localizada a 175 km da costa do Oiapoque, no extremo norte do Brasil. O Metrópoles conversou com moradores do estado para entender o ponto de vista deles e ouviu relatos que vão da expectativa de desenvolvimento econômico e social graças aos royalties a preocupações sobre o que pode acontecer com a região.
Em maio, o Ibama negou a solicitação da Petrobras para perfurar um poço em águas profundas no litoral norte do Amapá. Segundo o relatório da autarquia, o pedido foi indeferido “em função do conjunto de inconsistências técnicas” em relação à vulnerabilidade ambiental da região. A autarquia ambiental também pediu a apresentação de uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS).
A Foz do Amazonas está localizada na Margem Equatorial, região onde a Petrobras acredita que há um grande potencial petrolífero.
Opinião dos moradores
Natural de Oiapoque, Genival Campos, guia turístico e professor de francês, acredita que a exploração na Foz do Amazonas poderá trazer grandes benefícios para a comunidade do município caso os royalties sejam destinados para a prefeitura local e aplicados de forma planejada.
“Se a Petrobras se instalasse no município de Oiapoque, eu acredito que a gente teria muitos ganhos, se a gente tivesse os royalties para serem investidos na educação e na saúde principalmente”, avalia Genival.
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Entretanto, o guia turístico destaca que é necessário entender como o petróleo poderá trazer benefícios futuros para os moradores da região. “O problema é o depois. Como isso vai nos assistenciar daqui 30 ou 40 anos, como isso vai ficar? Depois de ter tirado o petróleo, depois que extrair tudo daqui. Isso é uma preocupação.”
Genival afirma que Oiapoque precisa se desenvolver para conseguir lidar com novos trabalhadores e turistas que podem ser atraídos pela exploração na Foz do Amazonas, pois falta infraestrutura básica na cidade.
“Nós não temos qualidade, porque a prefeitura não trabalha esse lado [do turismo], o atendimento é péssimo nos restaurantes, nos hotéis. Nós não temos hotéis suficientes, não temos calçada, não temos escolas, não temos hospitais decentes”, enumera Genival.
Oberdan Mascarenhas, ex-secretário de Meio Ambiente do Estado do Amapá e ativista ambiental, não acredita que a exploração na Foz do Amazonas trará benefícios para a população local.
“Em nosso estado já foram implantados alguns empreendimentos econômicos com a expectativa de melhorar a economia. Foi assim com o manganês e com a MMX (exploração de ouro) e mais recente foram construídas três hidroelétricas. Ficamos apenas com as mazelas sociais e ambientais, e no caso das hidroelétricas, uma enorme elevação nos preços dos serviços”, conta ele.
Meio Ambiente
Apesar da grande expectativa para benefícios econômicos, Genival também se preocupa com possíveis danos ambientais que a exploração de petróleo podem causar na região, principalmente aos manguezais.
“O que me preocupa é se houver um vazamento, mas acredito que a Petrobras tenha especialistas. Só que, os manguezais não são praias, então é um ponto de interrogação muito grande na nossa cabeça. Se houver uma falha, uma perfuração mal feita e o óleo vazar para uma praia, você chega com um caminhão, com um trato, você tira, já nos manguezais você não consegue fazer isso”, afirma Genival.
Para Oberdan Mascarenhas a possível liberação na Foz do Amazonas esbarra com as promessas de campanha do então candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que anunciou que o seu terceiro governo iria proteger o meio ambiente.
“Não sei como fica o governo Lula essa questão, pois assina um pacto de redução e emissões de carbono e mudanças na matriz energética brasileira e libera a exploração”, ressalta o ex-secretário de Meio Ambiente do Amapá.
Nova análise
O Ibama analisa o novo pedido realizado pela Petrobras. O órgão ambiental não tem um tempo…
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