As pranchas de surfe dos filhos apoiadas numa parede do apartamento no Rio de Janeiro são a ilustração do momento de tranquilidade pelo qual Leonardo passa. Desde o início de agosto curtindo férias no Brasil, o filho famoso de Niterói completa 54 anos de idade nesta terça sem ainda ter definido seu futuro.
Abre Aspas: Leonardo abre jogo sobre trajetória como jogador e dirigente
O ex-meia e lateral campeão do mundo em 1994 com a Seleção vive há mais de 30 anos fora do país, entre Espanha, Japão, Itália e França, último trabalho do dirigente. Foi na capital francesa que ele lidou com a constelação do PSG, (cada vez mais) de Mbappé, Neymar e Messi.
Antes de voltar para a Itália, onde tem residência fixa, deu tempo de torcer para o Flamengo no Maracanã contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, e de falar sobre a carreira de atleta, de técnico por acaso e de dirigente em entrevista exclusiva para o ge no Abre Aspas.
- Nome: Leonardo Nascimento de Araújo
- Idade: 54 anos
- Nascimento: 5 de setembro de 1969, em Niterói (RJ)
- Carreira de jogador: Flamengo, São Paulo, Valencia, Kashima Antlers, PSG e Milan.
- Carreira de dirigente: Milan e PSG. Treinou também o Milan e a Internazionale
- Principais títulos como jogador: Copa do Mundo de 1994, campeão mundial de clubes (1993) e do Brasileiro (1991) pelo São Paulo, Copa União de 1987 pelo Flamengo, J-League pelo Kashima (1996) e Série A da Itália pelo Milan (1998-1999)
Como é a relação com seu país depois de 30 anos morando fora?
— São 32 anos. Em 1991 saí do São Paulo, fui para a Espanha, para o Valencia. Mas nesse tempo eu tive a sorte de voltar duas vezes para o Brasil. Em 1993, antes da Copa, e em 2001, para encerrar a carreira. Foram duas passagens que me deram um pouquinho de fôlego dessa distância para o Brasil. Mas realmente sinto muita saudade. Não sei se isso com o tempo está se transformando em nostalgia, hoje talvez até um pouquinho de frustração (risos). Porque, se eu pudesse ter vivido aqui no Brasil algumas coisas que eu vivi fora daqui, seria realmente uma satisfação enorme.
Você tem um objetivo concreto de voltar a trabalhar no Brasil? Ou sua relação independe disso?
— Acho que independe, mas no fundinho acho que, se não acontecer, eu vou morrer frustrado. Porque eu tenho muita vontade de um dia viver isso.
— Mas eu tenho um lado muito pragmático, infelizmente ou felizmente. Talvez eu seja um pouco crítico nas minhas posições também. Então depende das pessoas com quem você trabalha, do momento e do contexto. O Brasil tem potencial enorme, eu sou um otimista, acho que aqui ainda existe muita coisa para ser feita. Acho que nenhum outro país reuniria tantos ingredientes como nós temos.
Numa entrevista ao Zico, em 2017, você disse que quase veio para o Brasil. Foi quando Eduardo Bandeira de Mello era presidente do Flamengo?
— Essa conversa existiu com vários presidentes, com várias pessoas que trabalharam no clube e em vários momentos. E isso sempre foi motivo de grande prazer, até porque nasce de uma identificação, de uma relação. Uma coisa que me curava um pouco a distância (do Brasil) era esse contato. E outros contatos que tive no Brasil.
É verdade que você começou a jogar no Vasco?
— (Risos) Eu joguei no Vasco, foi meu primeiro ano. Foi no infantil. Eu jogava em Niterói e sinceramente não tinha uma pessoa que dissesse: “Olha, de repente você vai ser jogador profissional”. Não existia isso. Mas o Sergio Volpato, que era o treinador do Rio Cricket, em Niterói, falou: “Vamos fazer uma peneira”. A velha peneira, aquela coisa de reunir 300 garotos em janeiro e vai botando todo mundo para treinar, vai eliminando, e depois de duas, três semanas, você escolhe. Na minha época ficaram três desses 300. Mas eu me lembro de ter chegado no primeiro dia, e no Brasil você sabe como é que, o talento espontâneo desses garotos…
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