Mercado financeiro argentino começa a semana em ebulição
O mercado financeiro argentino começou a semana em ebulição. Foi uma reação à vitória de um candidato de extrema-direita nas eleições primárias de domingo (13).
Javier Milei surpreendeu. Foi o candidato mais votado, com 30% da preferência dos eleitores. Aos 52 anos, o economista ultraliberal concorre à eleição presidencial pela coalizão a liberdade avança, de extrema-direita. É o líder do Partido Libertário, fundado há 5 anos, e sempre se posicionou com um “antipolítico”.
Milei começou a vida política em 2021, quando foi eleito deputado. No domingo (13), no discurso depois da confirmação da liderança nas primárias, o candidato atacou os adversários e disse que “foi construída uma alternativa competitiva que vai dar um fim à classe política parasitária e ladra da Argentina”.
Milei promete dolarizar a economia e, nas palavras dele, dinamitar o Banco Central. Ele também propõe que a saúde e a educação não sejam mais gratuitas.
O sistema previdenciário passaria a ser totalmente privado e, entre as propostas mais polêmicas, está a de legalizar a venda de órgãos.
Na véspera das primárias, apoiadores dele picharam placas que homenageiam as vítimas da última ditadura militar argentina. Mais de 30 mil pessoas foram assassinadas, de 1976 a 1983.
A candidata à vice na chapa de Milei é a deputada Victoria Villarruel, que se posiciona frequentemente contra as vítimas e a favor dos militares que atuaram na ditadura.
As primárias na Argentina têm basicamente duas funções: definir o candidato de coalizões que lancem mais de um nome, e estabelecer uma linha de corte. Só vão participar do 1º turno, em outubro, as coalizões que conquistaram no mínimo 1,5% dos votos no domingo.
No caso das duas principais coalizões do país, havia disputas internas e as primárias definiram os candidatos.
A Juntos por el Cambio, de centro-direita, foi a segunda mais votada, com 28% dos votos. Patricia Bullrich, ex-ministra de segurança do governo Mauricio Macri, venceu a disputa.
Em terceiro lugar, com 27%, ficou a coalizão peronista de centro-esquerda Unidos por la Patria, do atual governo. O ministro da economia Sergio Massa foi confirmado como o candidato da situação.
A Argentina enfrenta uma grave crise econômica que se aprofundou nos últimos dois governos. O cenário atual é de um país com inflação anual superior a 100% ao ano, déficit fiscal, dívida com o FMI e poucos dólares nas reservas internacionais. O voto em Milei foi justificado como um voto de protesto, que expressa o descontentamento dos eleitores com os partidos políticos tradicionais. Mas o mercado não reagiu bem ao resultado das primárias.
A cotação do dólar disparou, subiu 22%. As ações de empresas argentinas em Wall Street despencaram 18%. Os títulos soberanos da dívida externa caíram 12%. O Banco Central elevou a taxa básica de juros de 97 a 118% ao ano – o patamar mais alto em 20 anos.
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