Outubro é o mês que celebra o micro e o pequeno empreendedor brasileiro. A data comemorativa, 5/10, se justifica não apenas por gerar visibilidade às empresas, mas, principalmente, como reconhecimento ao trabalho dos empreendedores que movimentam a economia do país. Atualmente, as micro e pequenas empresas geram emprego, renda, inovações tecnológicas, promovem a inserção das mulheres e públicos marginalizados no mercado de trabalho, fomentam a sustentabilidade, apoiam a agricultura familiar e cada vez mais ultrapassam as fronteiras do país, conquistando mercados mundo afora.
A história do casal amapaense Valda Gonçalves e Lázaro mostra como uma pequena empresa pode agregar todos esses elementos de transformação em um produto único no mercado brasileiro e mundial. Tudo começou a partir da preocupação ambiental. “Diariamente, cerca de 24 toneladas de caroços de açaí eram despejadas nas áreas urbanas de Macapá e Santana pela indústria açaizeira. Esse problema chegava literalmente à porta da minha casa, e meu marido e eu pensávamos em maneiras de aproveitar o insumo. Em 2016, decidimos pesquisar aplicações dele na produção de biofertilizantes, biojoias e carvão. Até que surgiu a ideia de criar uma bebida para consumo humano, o café de açaí”, conta Valda.
A empreendedora relata que foram diversos testes para chegar a uma versão de bebida que fosse agradável ao paladar e com propriedades benéficas à saúde. “Nosso café de açaí se transformou numa opção mais saudável ao café tradicional por não ter cafeína e ser rico em nutrientes como vitamina A, D, E, K, minerais, fibras, antioxidantes, além de antocianinas e taninos”, avalia. Ela relata que o gosto da bebida lembra o sabor do chá mate, com um toque adstringente por ser rico em tanino.
Em 2020, em plena pandemia, o casal decidiu empreender e procurou o Sebrae. A parceria fez com que a empresa, única no segmento, recebesse o apoio que precisava para sair do papel, se formalizar e buscar os registros necessários para começar a operar. Com o Sebrae também criaram a identidade visual da marca – Engenho Café de Açaí – e se transformam numa startup, participando de feiras de empreendedores pelo país e recebendo aportes de investidores para impulsionar o negócio. “Aos 11 anos criei meu primeiro negócio. Sempre fui apaixonada por empreendedorismo e vendas, mas só o Sebrae deu o apoio que eu precisava para ter sucesso em um negócio. Como gostamos de dizer, o Sebrae é uma estrada asfaltada para quem quer empreender”, comemora Valda.
Desde que foi criado, o Engenho Café de Açaí já exportou meia tonelada do produto para a Alemanha e está negociando a exportação de uma tonelada para os Estados Unidos. Sem revelar muito, a empresária conta que o produto será destinado à criação de uma bebida para o mercado norte-americano. Para isso, a empresa buscou todas as certificações que atestam a excelência do produto. “Temos registro de marca, selo de origem, rastreamento, procedência e até caroços certificados”, lista, orgulhosa.
Além do mercado externo, atualmente a marca é comercializada em cafeterias gourmet, lojas de produtos naturais, veganos, alguns supermercados e e-commerces. Entre empregos diretos e indiretos, a empresa gera renda para oito pessoas, ajuda a resolver um problema ambiental crônico do estado do Amapá, com o descarte adequado dos resíduos do açaí, movimenta a economia local, emprega mulheres e leva o orgulho amapaense para o mundo.
Motor do desenvolvimento brasileiro
Gerar emprego e renda é uma das vocações das MPEs por todo o país. Os dados são incontestáveis. Só em agosto deste ano, os pequenos negócios registraram o segundo maior volume de empregos criados em 2023. Foram 221 mil novas contratações, sendo 161 mil oriundas das MPEs (73% do total). Os dados são de um levantamento do Data Sebrae a partir de informações divulgadas pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em termos de renda, informações do Ministério da Economia divulgados pelo Sebrae mostram que essas empresas foram responsáveis, em 2022, por gerar um terço do PIB brasileiro – algo próximo a R$ 420 bilhões.
Décio Lima, presidente do Sebrae…
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