Resumo
- Condições financeiras globais tornaram-se ainda mais restritivas devido à alta dos juros longos nos EUA. As treasuries permanecem voláteis e continuam a afetar os preços dos ativos;
- No Brasil, sinais mais claros de desaceleração da atividade, em linha com o esperado. Projetamos que o PIB subirá 2,8% em 2023 e 1,5% em 2024. A estimativa para 2025 segue em 1,8%, próxima ao crescimento potencial;
- Estimamos ampliação do déficit primário do setor público em função dos resultados mais fracos no curto prazo. Mudança de meta fragiliza arcabouço fiscal e deve levar a uma piora na dívida pública no médio prazo;
- A taxa de câmbio recuou nos últimos dias, refletindo o alívio nas taxas de juros americanas. Ajustamos nossa projeção para 4,90 reais por dólar no final de 2023, mas sem mudar nossa visão estrutural. Prevemos 4,85 para 2024 e 5,00 para 2025;
- O processo de desinflação segue em curso, com preços de serviços e medidas de núcleos bem-comportados. Assim, mantivemos nossas projeções para o IPCA em 4,5% para 2023, 3,9% para 2024 e 4,0% para 2025;
- A comunicação recente do Banco Central reiterou a necessidade de moderação e cautela na condução da política monetária. Prevemos cortes de 0,50pp na taxa Selic nas próximas reuniões do Copom e taxa terminal de 10,00% em 2024.
Conteúdo exclusivo para clientes XP
A conta XP é gratuita. Abra a sua agora!
Já é cliente XP? Faça seu login
Invista melhor com as recomendações
e análises exclusivas dos nossos especialistas.
Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP
Editorial – Fim do arcabouço fiscal?
O Presidente Lula disse que o país não precisa atingir a meta fiscal zero proposta pelo próprio governo, se para isso for necessário um corte nas despesas. Muitos consideraram isso um sinal de que o arcabouço fiscal acabou.
Não iríamos tão longe. Algumas das medidas de arrecadação estão avançando no Congresso e, do lado das despesas, ainda há um limite para o crescimento (2,5% em termos reais) impedindo que a meta mais frouxa culmine em despesas mais elevadas.
Ainda assim, a mudança na meta sugere que, sob uma restrição, a preferência revelada é por flexibilizar o arcabouço, em vez de ajustar a postura da política fiscal (não foi a primeira vez que isso aconteceu). Isso reforça nossa premissa – adotada há bastante tempo – de que a política fiscal tem viés expansionista, exigindo uma política monetária restritiva por mais tempo para que o IPCA se estabilize no intervalo da meta inflacionária.
De fato, a instabilidade fiscal e os juros mais elevados dos títulos de longo prazo nos mercados desenvolvidos deverão limitar a margem para taxas de juros mais baixas no Brasil no ano que vem.
Porém, não vemos razões para o banco central reduzir o ritmo de corte de juros no curto prazo. A taxa Selic ainda está bastante elevada e as leituras de inflação corrente e indicadores de atividade mostram desaceleração.
Por fim, ainda vemos fundamentos sólidos para o Real. Para além da volatilidade de curto prazo, projetamos a taxa de câmbio abaixo de R$/US$ 5,00 ao longo do tempo.
Pano de fundo global – Juros longos nos EUA seguem no centro das atenções
Francisco Nobre
A economia dos EUA continua forte, embora deva desacelerar adiante. O PIB do 3º trimestre apresentou crescimento de 4,9% em termos anualizados e dessazonalizados, acima das expectativas, marcando uma reaceleração na margem e a maior taxa de variação desde o 4º trimestre de 2021. A principal contribuição veio do consumo pessoal, embora a expansão tenha sido generalizada, confirmando o desempenho robusto da economia americana. No entanto, continuamos céticos em relação às perspectivas de crescimento em meio à política monetária restritiva por bastante tempo. Acreditamos que a economia dos EUA terá de enfrentar um período de enfraquecimento para que a inflação convirja à meta.
O Fed agirá com cautela após a reunião de novembro. O comitê de política monetária do banco central americano (FOMC, em inglês) manteve o intervalo dos juros de referência entre 5,25% e 5,50%. A decisão decorreu, em grande medida, do aumento contínuo nos…
Read More: Brasil Macro Mensal: Incerteza global e meta fiscal limitam queda de juros