A distância entre o agronegócio e a Faria Lima está cada vez menor, embora São Paulo não esteja abrindo espaço para plantações de soja nas calçadas (rs). Em 2021, ano dos últimos IPOs na B3, cinco estreantes do setor no mundo do capital aberto tocaram o sino. Uma delas foi a Vittia (VITT3), que atua no setor de biotecnologia e nutrição agrícola (fertilizantes).
Mesmo assim o agro segue pequeno na bolsa. Na economia, a participação é de grossos 25%. No Ibovespa, o peso fica em 2,9% – sendo que 2% são apenas JBS e BRF.
Para o CEO da Vittia, a importância do setor no mercado de capitais só tende a crescer. “Tudo mudou dentro do agro. Hoje o setor tem uma capacidade gigante de buscar financiamento. Isso mostra que o mercado financeiro abriu os olhos e se desfez de uma visão míope do passado”, aponta Wilson Romanini, em entrevista à Você S/A.
No caso da Vittia, a transformação de empresa familiar em uma companhia de capital mais diluído começou em 2014, com a entrada do Brasil Sustentabilidade, um Fundo de Investimento em Participações (FIP) no quadro societário. Hoje, o objetivo é mostrar ao investidor que agronegócio, tecnologia e sustentabilidade (econômica e ambiental) podem andar lado a lado.
A empresa tem o seu foco na produção de insumos biológicos. O intuito é trazer maior performance para as lavouras com o menor impacto para o meio ambiente e para os trabalhadores — substituindo os clássicos produtos químicos. Na Vittia, a produção é feita a partir de extratos de plantas, microrganismos, macrorganismos e outros agentes destinados ao controle de pragas ou nutrição.
Romanini, que está no comando da companhia desde 1992, conta aqui como a quinquagenária empresa se transformou em referência na produção de fertilizantes e defensivos agrícolas.
Como foram os primeiros passos da companhia?
Desde a fundação pelo meu pai em 1971 [ainda como Biosoja] até 1998, a Vittia ficou concentrada em um único produto — inoculantes que aumentam a fixação de nitrogênio nas culturas de soja, leguminosas e outras oleaginosas .
Além do apelo ambiental, também há uma importância econômica gigantesca. A soja tem uma necessidade monstruosa de nitrogênio e se nós tivéssemos que fazer essa adubação por meio de fertilizantes nitrogenados, como a ureia e sulfato de amônio, deixaríamos a soja inviável economicamente no Brasil. Com a utilização do Isobio [microrganismo que é a base dos inoculantes] conseguimos eliminar esses produtos.
“Investimos R$ 160 mi na expansão da nossa planta, que já era a maior fábrica de biológicos da América Latina.”
Hoje a Vittia tem um portfólio robusto. Como foi esse processo de virada de uma empresa de inoculantes para líder de mercado em diversos segmentos?
Quando comecei minha trajetória na Vittia, ela era uma empresa muito pequena, mas já existia ali um DNA de se transformar. E foi isso que fizemos nos últimos 30 anos.
A virada começou em 1998, quando montamos uma pequena indústria de fertilizantes foliares. Fomos sábios na tomada de posição, já que escolhemos um processo verticalizado — com a produção da matéria-prima e fornecimento de excedentes para outros setores.
Na década de 1990, já tínhamos alguns produtos desenvolvidos na parte de biodefensivos, mas não sabíamos como fazer isso chegar ao mercado. Mais para frente, adquirimos a Biovalens. Compramos algo embrionário, mas com um potencial gigante.
Começamos a ver que existia uma capacidade enorme de fazer com que o braço de biodefensivos e produtos biológicos entrassem numa curva ascendente dentro da companhia. Fizemos um investimento audacioso, e hoje temos a maior planta da América Latina em produção de biodefensivos.
Investimos mais de R$ 20 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento e temos um centro muito robusto, com cerca de 70 profissionais que trabalham com bioprospecção, bioprocesso e avaliação agronômica. Estamos focados em ser realmente a liderança nesse mundo de defensivos.
Nos últimos quatro anos, 72 produtos Vittia foram desenvolvidos e regulamentados, e nos próximos três anos outros 84 devem entrar na fila para regulamentação. Isso sem falar nos 80 que estão em desenvolvimento e devem chegar ao mercado até 2025.
Hoje temos uma linha completa de…
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