O dados do IBC-Br de setembro, que mostraram uma queda de 0,06% ante o mês anterior, abaixo da projeção de alta marginal feita pela maioria dos analistas, confirmaram a desaceleração da atividade que já vinha sendo observada nos resultados de indústria, serviços e varejo pelo IBGE no 3º trimestre.
Para os economistas, está mantida a probabilidade de um resultado negativo ou, na melhor das hipóteses, de estabilidade no PIB no 3º trimestre ante o trimestre anterior. Já a projeção para os últimos três meses do ano vai depender do desempenho dos serviços, que tem se mostrado volátil.
Rodolfo Margato, economista da XP, destaca que a comparação do IBC-Br do trimestre encerrado em setembro ante o 3º trimestre do ano passado espelha a desaceleração da atividade. O dado divulgado nesta sexta (17) mostrou um crescimento de 0,78%, bastante inferior às taxas de 4,5% no 1º trimestre e 3,2% no 2º trimestre, em comparação com os resultados de 2022.
O economista projeta que o efeito de carrego estatístico para o 4º trimestre – ou seja, assumindo taxas de variação nulas entre outubro e dezembro – indica contração de 0,3%. “Por ora, estimamos aumento de 0,2% em outubro, explicado por resultados um pouco melhores no setor de serviços”, explica.
“O desempenho fraco deste indicador no trimestre passado deve levar a algumas revisões baixistas entre os analistas de mercado. Em linhas gerais, os dados recentes corroboram nossa visão de enfraquecimento da atividade econômica ao longo do 2º semestre”, comenta.
Margato afirma que a projeção da XP para o PIB de 2023 permanece em 2,8% e recuando para 1,5% em 2024.
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Na opinião de João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, o resultado negativo do IBC-Br no mês refletiu, principalmente, a queda de serviços (-0,3% no mês), apesar do comércio varejista ampliado (+0,2%) e a indústria (+0,1%) terem subido marginalmente no período.
Savignon pondera que, apesar de o indicador apontar para uma queda relevante para o 3º trimestre e o seguinte, a precisão da variação trimestral do índice pode ser contestada e, assim, o carrego estatístico não deve ser levado a “ferro e fogo”.
“Certo é que a desaceleração da atividade no período era esperada, mas temos visto dados mais fracos que os projetados no início do trimestre, reflexo da dissipação dos efeitos da supersafra desse ano, que impulsionou o 1º semestre, e do nível de aperto monetário ainda presente na economia”, explica.
Na análise do Santander Brasil, o resultado abaixo do esperado em setembro reforça a perspectiva de um dado negativo para o PIB do 3º trimestre. “Setembro foi um mês de resultados mistos para a atividade econômica. Os dados do setor terciário indicaram uma contração no volume de serviços (-0,3%) e uma ligeira recuperação nas vendas do varejo ampliado (+0,2%). A produção industrial apresentou desempenho positivo (+0,1%), mas com composição negativa”, lembra o analista Gabriel Couto em relatório.
Ele destaca ainda que os dados disponíveis de outubro fornecem, em sua maioria, sinais negativos. “Os dados de confiança econômica da FGV para famílias, serviços e varejo permanecem abaixo do limite neutro, enquanto nossos dados proprietários (IGet) sugerem reduções tanto nas vendas no varejo amplo quanto nos serviços prestados às famílias”, compara.
Para o Santander Brasil, apesar da recente surpresa positiva no resultado do PIB do 2º trimestre, há sinais de desaceleração ampla para a atividade à frente, especialmente para segmentos mais cíclicos, devido às condições financeiras altamente restritivas.
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“Além disso, esperamos contribuições negativas da produção agrícola para o 2º semestre, uma vez que o impacto positivo das safras recordes de verão foi limitado ao 1º trimestre e início do 2º trimestre”, diz o texto.
Viés de baixa
Laura Moraes, economista da Neo Investimentos, por sua vez, alerta que o IBC-Br apontou para um PIB do 3º trimestre de +0,72% em relação ao mesmo trimestre de 2022 e que esse resultado é significativamente abaixo do PIB estimado pela modelagem mais detalhada da gestora. “Com isso, colocamos um viés de baixa na nossa projeção”, avisa.
A avaliação de Nicolas Borsoi, economista chefe da Nova Futura, também é de que os…
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