A presença do Brasil na campanha ganhou força no segundo turno da eleição, com a presença de marqueteiros ligados ao PT que usaram a polarização entre Milei e Massa para lançar ataques contra o libertário na campanha na TV. A tensão ficou palpável no último debate presidencial, quando os dois candidatos bateram boca sobre suas relações com o País.
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Do lado petista, a mobilização em torno da centro-esquerda argentina começou ainda em agosto, quando Massa veio a Brasília como ministro da Economia e saiu com uma promessa de financiamento no Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) como revelou o Estadão.
A entrada dos marqueteiros petistas na campanha de Massa foi apontada por analistas na Argentina como crucial para que o peronista se recuperasse da dura derrota nas primárias e chegasse em primeiro no primeiro turno.
Analistas ouvidos pelo Estadão apontam que a aproximação entre o petismo e o kirchnerismo não é nova, mas ganhou força desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff e a prisão de Lula na Operação Lava Jato. Na época, ainda em campanha, o atual presidente Alberto Fernández visitou o petista no cárcere em Curitiba.
O primeiro turno contou também com a presença da petista, Mônica Valente, como representante do Foro de São Paulo, uma associação de partidos esquerda latino-americana que conta com representantes de ditaduras como Cuba, Venezuela e Nicarágua, em apoio a Massa. Ela deve estar presente também na eleição deste domingo para reforçar o respaldo à candidatura peronista.
Milei, por sua vez, é bastante crítico a Lula e próximo ao bolsonarismo. Durante a campanha, adotou um tom duro contra o petista, chamando-o de corrupto e comunista. Ele também prometeu não se reunir com o presidente brasileiro durante o mandato. Filho ’03’ do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) esteve no primeiro turno no comitê de campanha do libertário, em apoio à sua candidatura.
O governo e o PT na campanha
Após as eleições primárias de 13 de agosto, o candidato e ministro da Economia Sergio Massa viajou ao Brasil onde se encontrou com Lula e com seu colega brasileiro, Fernando Haddad. Na época o peronista havia amargado um terceiro lugar na disputa e Javier Milei surgia como um surpreendente vencedor. Na viagem, Massa queria duas coisas: dinheiro e ajuda na campanha.
Além da crise inflacionária – ou em consequência dela – a Argentina vive um grave problema de falta de dólares. Segundo estimativas de consultorias privadas, as reservas líquidas do Banco Central argentino estariam negativas em mais de US$ 10 bilhões, um recorde.
Sem a moeda forte, o país não consegue importar produtos e já vive falta de alimentos como atum, palmito e abacaxi, além de remédios, insumos médicos e peças automotivas. E também não consegue pagar a sua dívida bilionária com o Fundo Monetário Internacional, contraída durante o governo de Mauricio Macri.
Obter o dinheiro foi o motivo principal que fez Massa viajar a Brasília naquele fim de agosto, mas também tirar uma foto ao lado de Lula lhe serviria de vitrine para uma Argentina que pretende ser “amiga de todos”, como ele mesmo diz. Na época, diferentemente de seu presidente Alberto Fernández que por vezes saiu de mãos vazias do Brasil, Massa saiu com a promessa de financiamento das exportações do Brasil para a Argentina, por meio do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF).
Em outubro, o Estadão revelou na coluna da repórter Vera Rosa, que Lula ajudou em uma operação para que o (CAF) concedesse empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina. Com o dinheiro, Massa conseguiu novo acordo para liberar recursos do FMI.
Durante a viagem, o jornal argentino La Nación adiantou que o PT havia prometido ao peronista dar um reforço em sua campanha por meio de uma equipe de marqueteiros. Na época, o Palácio do Planalto negou a informação por meio de sua assessoria. Porém, dias depois, a equipe indicada por Sidônio Palmeira,…