Bloomberg Línea — Mercado Livre (MELI), Amazon (AMZN), Shein e Shopee tiveram os mais ganhos no tráfego da web e de aplicativos na semana da Black Friday no Brasil, enquanto Americanas (AMER3), Carrefour Brasil (CRFB3) e Petz (PETZ3) apresentaram os declínios mais acentuados, apontou um relatório do Itaú BBA com os resultados preliminares da temporada de descontos, que continua com a Cyber Monday nesta segunda-feira (27).
Até a última sexta-feira (24), os dados de monitoramento do tráfego do comércio eletrônico indicaram sinais de uma demanda ainda fraca do consumidor, atribuída ao cenário de juros ainda elevados, apesar do início do ciclo de cortes pelo Banco Central, e de endividamento das famílias.
Os players estrangeiros, principalmente asiáticos, confirmaram as expectativas do mercado de apresentarem um maior sortimento e ofertas mais competitivas, avançando no mercado brasileiro, diante da crise financeira que se abateu nos grupos nacionais, como a Americanas, que entrou em recuperação judicial em janeiro.
Além disso, redes brasileiras como Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) enfrentam dificuldades com redução de rentabilidade e aumento das despesas financeiras com o custo de suas dívidas.
O relatório do Itaú BBA, assinado pela equipe liderada pelo analista Thiago Macruz, apoia sua análise inicial nos dados da SimilarWeb, que mede o tráfego na internet, referentes ao intervalo de 1⁰ a 19 de novembro.
Nesse período, houve um fraco crescimento de 2% no tráfego na comparação anual, considerando uma amostra de varejistas. Isso não significa necessariamente conversões de vendas. Sugere apenas sinais iniciais de uma demanda de consumo mais fraca na Black Friday”, citam os analistas do Itaú BBA.
Bloomberg Línea cruzou dados do relatório do banco com as parciais de outras consultorias de mercado. Como alerta a diretora de negócios do varejo do Google Brasil, Gleidys Salvanha, diferentes boletins parciais de plataformas sobre o desempenho da Black Friday raramente coincidem com os números e as avaliações finais.
“Há cliente que vai bem, e sabemos disso porque estávamos junto monitorando, mas sai um boletim dizendo que ele não foi bem. Isso acontece por causa do universo de dados que cada plataforma consegue olhar”, disse Salvanha à Bloomberg Línea, sobre as divergências nos boletins das plataformas.
O que diz a Nielsen
Dados preliminares recebidos pela NielsenIQ Ebit, consultoria em informações e insights sobre o comércio eletrônico no Brasil, reforçaram a leitura feita pela equipe do Itaú BBA, apontando um cenário de retração no e-commerce como um todo.
“Números prévios recebidos neste sábado mostram que a sexta e a quinta-feira registraram faturamento negativo de dois dígitos na média do mercado, puxados para baixo pelo desempenho negativo das categorias de telefonia, eletrodomésticos e informática”, informou a NielsenIQ Ebit, em comunicado.
Houve, no entanto, três categorias que ganharam destaques positivos: alimentos e bebidas, moda e acessórios e perfumaria e cosméticos.
Na última quinta-feira (23), Bloomberg Línea informou que o Google Brasil já havia identificado uma demanda mais forte pela categoria de beleza, principalmente perfumaria, que tem um ticket mais baixo do que bens duráveis (geladeira, fogão, televisão, por exemplo).
O executivo responsável pela NielsenIQ Ebit, Marcelo Osanai, apontou a manutenção das taxas de juros em patamares elevados e o endividamento das famílias como elementos-chave para explicar esse cenário.
“O consumidor adotou uma postura mais cautelosa. Ainda assim, ele demonstrou que está cada vez mais confortável em fazer suas compras online, o que se reflete no crescimento, por exemplo, da categoria alimentos e bebidas, que é algo que tem ganhado tração durante todo ano”, afirmou Osanai, em nota.
O que diz a Cielo
A Cielo (CIEL3), empresa de soluções de pagamento controlada pelo Bradesco (BBDC4) e pelo Banco do Brasil (BBAS3), também apresentou números mostrando que os produtos mais baratos, ligados a cosméticos e higiene pessoal (18,8%), tiveram as maiores taxas de crescimento nas vendas, considerando apenas a sexta-feira passada na comparação com o dia 25 de novembro de 2022.
“Dos principais setores movimentados pela Black Friday, o de livrarias e papelarias foi o que apresentou a maior retração, com queda de 2,8%. Supermercados e hipermercados (-1,9%) e materiais para…
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