Dr. Marcelo Palmério, eu e Dr. Luiz Alberto Garcia
(Foto: José Carlos S. Ferreira/Arquivo pessoal)
Uma questão muito debatida dentro de grandes empresas tradicionais é a dicotomia “Tradição vs. Inovação”. Como uma empresa com tanta história e cultura arraigadas em seu DNA pode conseguir inovar, fazer diferente, criar? E não só isto, como uma empresa inova tendo grande porte, gestão rígida e estruturada, compliance, funcionários de carreira e uma estrutura jurídica sólida?
Essas perguntas sempre me deixaram curioso. Ao olhar para o mercado, é fácil perceber que as empresas “dinossauros” tem muita dificuldade de inovar, mesmo que em sua origem tenham sido inovadoras disruptivas. Profissionais de mercado até costumam brincar: “Os dinossauros são grandes, e tem muita dificuldade de se locomover”. Verdade, mas ao mesmo tempo eles detêm a maior parte dos recursos, e a entrada recente das grandes empresas no ecossistema de inovação tem sido muito benéfica. Estamos entrando em um novo cenário, em especial aqui no Brasil, com essas empresas fazendo parte do jogo.
Ainda refletindo sobre essa dificuldade de locomoção, flexibilidade e agilidade das grandes empresas tradicionais, podemos pensar até nas grandes empresas de tecnologia hoje. Com 10, 15 anos, já encontram uma tremenda dificuldade em fazer inovação disruptiva, e para resolver isto, compram outras empresas que desenvolveram inovações, com menor tempo de vida, mais enxutas e mais disruptivas, e ainda investem massivamente em Startups.
As Startups passam a ser, portanto, as alternativas importantes para as empresas e para o mercado para desenvolvimento da inovação e das disrupções. Quem começa a empreender ou tem uma Startup hoje, deve ter em mente essa visão de como olhar para o mercado, considerando que sua flexibilidade, sua estrutura enxuta e sua agilidade são diferenciais em relação aos gigantes, e que isto representa uma vantagem competitiva em relação a eles na concorrência, representam um acréscimo de valor quando na condição de fornecedora, e ainda pode chamar atenção para parcerias, investimentos e até compras por parte dessas grandes empresas tradicionais, que tem recursos e interesse.
Ontem tive uma excelente oportunidade de participar de um painel com dois mestres empreendedores da nossa região do Triângulo Mineiro: Dr. Luiz Alberto Garcia, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Algar e Dr. Marcelo Palmério, Reitor da Universidade de Uberaba, a Uniube. Dois veteranos, líderes de grandes empresas, a Algar com 85 anos e a Uniube com 70 anos.
O painel se chamava justamente “Tradição e Inovação” e, através das histórias deles, debatemos por uma hora e meia essa questão. Na verdade, na visão destes grandes empreendedores, não existe a dicotomia. As empresas nasceram inovadoras e só existem hoje, depois de tanto tampo, porque souberam se adaptar e mudar seus negócios, resolvendo os problemas reais dos clientes, que mudaram ao longo do tempo. A inovação nesse caso ela é menos disruptiva e mais incremental, pois acontece de maneira sistêmica, ao longo do tempo, em sua velocidade. E esta é uma reflexão muito importante para quem empreende no mercado, a visão que as empresas têm naturezas diferentes e inovam de forma diferente. O grande buscando se movimentar, e o novo buscando se organizar e consolidar.
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