Entre os investimentos no mercado de câmbio, existe um que não é fiscalizado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e que, de acordo com o órgão, é o segundo produto mais citado pelas vítimas de golpes financeiros: o Forex, também conhecido como FX.
Sigla para Foreign Exchange Market (ou mercado de câmbio, na tradução literal), o Forex é reconhecido como um dos maiores mercados cambiais do mundo —movimentando uma média de US$ 3 trilhões (R$ 15,5 trilhões) a US$ 5 trilhões (R$ 25,9 trilhões) por dia.
Apesar de não ser ilegal, o mercado não é regulamentado no Brasil e não conta com a fiscalização da CVM —e, por isso, muitos analistas e executivos do mercado financeiro consideram o FX como mercado apenas de especulação.
O investimento é legal desde que realizado diretamente lá fora, ou seja, é possível a quem tem conta em instituição estrangeira habilitada a operar Forex.
As operações de Forex envolvem a compra de uma moeda e a simultânea venda de outra, ou seja, as moedas são negociadas em pares —dólar e real, por exemplo. Na prática, o investidor não compra dólares ou reais fisicamente, mas investe na relação monetária de troca entre eles.
Nesse mercado, são negociados derivativos de moedas (investimentos que têm o preço derivado de uma divisa, como contrato futuro de dólar), ou contratos cujos ativos sejam pares de moedas.
O investidor, assim, é remunerado pela diferença entre a valorização dessas divisas —como as cotações variam livremente sob a influência de fatores econômicos ou eventos políticos, existe o potencial de estratégias de investimento a fim de lucrar com essas flutuações.
“O mercado de Forex é bem amplo, mas a base dele é sempre mercado de câmbio e ele tem uma volatilidade muito intensa. Por isso, esse é um mercado que exige sangue-frio e estômago dos investidores”, afirmou o diretor de operações do Travelex Bank, João Manuel Campanelli.
Ele afirma que gosta de comparar o FX com mercado de câmbio. “Da mesma forma que você não tem o pedaço da fábrica de uma empresa ao comprar a ação, você também vive isso no Forex. Tem instrumentos bons e coisas boas, mas é preciso seguir alguns ritos importantes antes de colocar o dinheiro nesse mercado”, afirmou.
O Forex é destinado para pessoas e empresas que tenham interesse em transacionar com divisas. O mercado é quase ininterrupto —operado 24 horas por dia, entre as 22h do domingo e as 22h da sexta-feira— e obedecendo aos horários das principais Bolsas do mundo: Sydney (Austrália), Tóquio (Japão), Londres (Reino Unido) e Nova York (EUA).
Segundo o diretor de investimentos da Magnetis, Marcelo Romero, parte do risco associado ao Forex é a permissão de alavancagem pelas corretoras que atuam no mercado ao redor do mundo.
“Com uma posição de R$ 1.000, você consegue ter uma posição de R$ 100 mil. Nesse sentido, qualquer variação de 1% pode dar um bom retorno, mas também pode ser o suficiente para causar grandes perdas”, afirmou o executivo.
Na prática, isso significa que é possível investir por um valor nominal superior ao valor dos recursos utilizados. Isso também é conhecido pelo mercado como alavancagem —e aumenta o risco da operação.
No exemplo dado por Romero, uma perda de 1% em R$ 100 mil pode significar uma perda de 100% da margem efetivamente depositada.
Esse movimento, segundo executivos do mercado, abre espaço para atuação de fraudes e práticas ilegais.
“Existe uma diferença muito grande entre investimento e especulação e é necessário que os investidores tenham cautela nesse sentido”, afirmou o analista da Suno Alberto Amparo.
“O investimento gera fluxo de dinheiro pelo ativo que você compra, como é o caso de alocar recursos em uma ação por acreditar na tese daquela empresa. A especulação não, ela é uma aposta em uma valorização futura”, completou Amparo.
Os especialistas afirmam, ainda, que, apesar de não existir ilegalidade para o investimento no exterior, o investidor precisa observar as normas aplicáveis, inclusive as definidas pelo Banco Central, e precisa realizar essas alocações por meio de instituições regularmente constituídas.
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