A probabilidade de a inflação brasileira ultrapassar os limites do intervalo de tolerância da meta em 2023 (de 4,75%) caiu de 67% para 17%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação de dezembro, divulgado nesta quinta-feira (21) pelo Banco Central. Segundo o BC, essa alteração ante o relatório de setembro reflete a queda na projeção de inflação para este ano (de 5,0% para 4,6%) e a redução da incerteza associada a um horizonte mais curto de projeção.
Na projeção do cenário de referência do BC, que utiliza trajetória para o preço do petróleo seguindo aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses, taxa Selic da pesquisa Focus e taxa de câmbio seguindo a PPC, a inflação acumulada em quatro trimestres termina 2023 em 4,6%.
Já no primeiro trimestre de 2024, a inflação projetada cai para 3,6%, influenciada pelo efeito descarte do primeiro trimestre de 2023, quando ocorreu reoneração parcial de gasolina e etanol. A inflação projetada termina 2024 em 3,5% e cai para 3,2% em 2025 e 2026, diante de uma meta para a inflação de 3,00% para esses anos.
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Entre os riscos de alta para essas projeções, o BC citou uma revisão das projeções de curto prazo, afetadas pelo aumento do ICMS sobre combustíveis a partir de fevereiro de 2024 e pelo fenômeno do El Niño. Também há risco de indicadores de atividade econômica mais fortes do que o esperado, que podem afetar a estimativa do hiato do produto.
Já os principais fatores de revisão para baixo são uma inflação menor do que a esperada e seus efeitos inerciais, queda do preço do petróleo e das commodities em geral, trajetória levemente mais alta da taxa Selic na pesquisa Focus aumento da incerteza econômica, medido pelo IIE‑Br.
Política monetária
Sobre a condução da política monetária, o BC comenta no relatório que a conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação.
O Comitê de Política Monetária (Copom), em sua última reunião do ano, reforçou a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o texto.
Além disso, o relatório diz que o Comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, “em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”
Cenário interno e externo
Segundo o BC, no cenário doméstico, a perspectiva de arrefecimento da atividade econômica se confirmou, com um crescimento de apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2023, após forte elevação no primeiro semestre.
“Esse crescimento foi ligeiramente maior que o esperado. Destaca‑se a alta do consumo das famílias, especialmente de serviços e bens de consumo não duráveis. Por outro lado, os investimentos têm recuado há quatro trimestres”, diz o texto do Relatório de Inflação.
Também citado que a balança comercial deve apresentar saldo recorde em 2023, contribuindo para déficit em transações correntes moderado.
Já as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foram ajustadas ligeiramente. Para 2023, passaram de 2,9% para 3,0% e, para 2024, de 1,8% para 1,7%. “O cenário prospectivo inclui aumento do ritmo de crescimento ao longo do próximo ano, com moderação do consumo das famílias, retomada dos investimentos, e manutenção de um balanço favorável nas contas externas.”
Enquanto isso, o ambiente externo segue volátil. O texto diz que, desde o relatório anterior, houve movimentos expressivos das taxas de juros de prazos mais longos nos Estados Unidos (EUA), primeiramente subindo e, mais recentemente,…
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