O ano foi marcado pela preocupação persistente com a inflação, que ocasionou uma forte resposta dos principais bancos centrais. A alta dos juros deve trazer novas consequências para a economia mundial. Mas o que isso significa para o Brasil em 2023?
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Política
Para os analistas, a primeira coisa que deve ser analisada pelos profissionais do mercado é a situação política. Na visão deles, a incerteza em torno do setor fiscal do governo eleito deve manter a volatilidade em alta.
“Nós não acreditamos que é preciso ter um fiscal completamente equilibrado e positivo, mas seria bom ver algum tipo de tranquilidade na dívida pública, que ficou mais leve com o teto de gastos”, explica Caio Megale, economista-chefe da XP.
Ele afirma que o que está sendo sinalizado agora, com a aprovação da PEC da Transição, é que o país terá uma expansão fiscal contratada, mas ainda é preciso avaliar com cuidado o cenário para entender quais serão os movimentos do novo governo.
Falando em inflação, a expectativa do relatório Focus, elaborado pelo Banco Central, é de que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) continue alto em 2023, atingindo 5,23% segundo o Relatório Focus publicado no dia 26 de dezembro. A visão do Banco Inter está em linha com a do BC, enquanto a projeção da XP é um pouco menos otimista, de 5,4%, e a da SulAmérica traz uma visão mais positiva, de 4,8%.
Pensando nesse cenário, a XP adiou a expectativa de corte da taxa de juros, que estava projetada pela corretora para o segundo semestre de 2023, apenas para 2024. O Inter ainda aposta em uma redução na taxa Selic no meio do ano que vem, enquanto a SulAmérica acredita que os juros devem terminar o ano em 12,25%. O Bank of America vai ainda mais longe e afirma esperar que a taxa Selic termine em 2023 em 10,50%. Na última edição do Focus, as projeções para a Selic em dezembro de 2023 subiram para 12% ao ano.
“Isso não significa apenas que levará mais tempo para o mercado voltar aos nomes de crescimento ou até mesmo adicionar às ações, mas também coloca pressão adicional para os ganhos no próximo ano”, avaliam os estrategistas do Bank Of America. “Taxas mais altas por mais tempo causarão maiores despesas financeiras e prejudicarão a demanda devido a um consumidor já endividado. Atividade resiliente e gastos fiscais não serão suficientes para compensar isso.”
PIB
Para Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, o ano deve ser puxado, novamente, pelo desempenho do agronegócio, que conseguiu se manter intacto durante os piores períodos da pandemia.
Porém, para o Inter Research, a tendência é que o PIB desacelere no próximo ano, mas consiga subir em torno de 2,5% no acumulado de 12 meses.
Commodities
Apesar dos aspectos levemente mais negativos do que o esperado anteriormente, na visão da XP Investimentos, uma possível abertura mais consistente do mercado na China pode ser positiva para o Brasil, já que a movimentação deve beneficiar o preço das commodities como minério de ferro.