Para especialistas, país precisa melhorar infraestrutura e divulgação; Dia Mundial do Turismo foi celebrado em 27 de setembro
Com 8.500 km de faixa litorânea, clima tropical e condições favoráveis à prática de atividades ao ar livre o ano todo, o Brasil tem potencial para estimular o turismo de aventura, que, junto com o ecoturismo, compõe o turismo de natureza.
É o que defendem especialistas no Dia Mundial do Turismo, celebrado na 4ª feira (27.set). Eles afirmam que, para isso, contudo, o país precisa aprimorar a infraestrutura receptiva, assegurando segurança e bem-estar aos visitantes, e investir mais na divulgação de seus atrativos naturais.
O presidente da Abeta (Associação Brasileira das Empresas de Turismo de Aventura), Vinicius Viegas, diz ser testemunha do crescente interesse do público em geral pelo turismo de natureza. Mesmo assim, a exemplo de outros entrevistados, ele considera que o Brasil não aproveita todas as possibilidades que o segmento oferece.
“Este aumento ainda está muito aquém do nosso potencial. Não é fruto de uma estratégia de divulgação das várias atividades que um turista pode experimentar ao visitar o país. Quando se trata do turismo esportivo, o interesse estrangeiro está muito mais associado à evolução, à visibilidade que cada esporte conquistou junto a seus praticantes”, disse Viegas, montanhista e dono de uma agência de viagens especializada no segmento.
Ele cita o exemplo da chamada Rota das Emoções, que interliga Ceará, Piauí e Maranhão. “Hoje, kitesurfistas do mundo inteiro sonham em um dia conhecer e velejar pela região”, acrescenta, ao destacar a forte concorrência entre os principais destinos turísticos globais.
“Neste setor, o sucesso depende de uma conjunção de fatores. Convenhamos, montanhas, cachoeiras e florestas dos mais diversos tipos existem em todo o mundo. Por isso é preciso transmitir segurança e investir mais na divulgação. Porque tirando alguns destinos clássicos que quase todo esportista gostaria de conhecer, como o Havaí para um surfista, a escolha de um destino de viagem envolve vários aspectos, como segurança pública, infraestrutura de transporte, acomodações, custos, alimentação. Tudo pesa. Até as dificuldades com o idioma.”
A coordenadora de Turismo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Ana Clevia Guerreiro, concorda. “Não há o que discutir quanto à potencialidade e à imensa vocação do Brasil para o turismo esportivo e de aventura, mas ainda é necessário um trabalho integrado, estratégico, que apresente o Brasil desta forma no exterior”.
O diretor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (Universidade de São Paulo), Ricardo Ricci Uvinha, especialista em lazer e turismo, declara que o país é rico em possibilidades. “O Brasil é um país sensacional em termos de possibilidades para as atividades ligadas ao turismo de aventura e esportivo. Infelizmente, este potencial ainda não é bem aproveitado e o tema é pouco explorado pelo Poder Público, pelo mercado e no âmbito acadêmico”.
Secretária do Turismo do Ceará, Yrwana Albuquerque Guerra diz que o país ainda pode se desenvolver neste segmento tão lucrativo. “Precisamos nos assumir como um país propício para a prática de esportes de ação e de ecoturismo e divulgar isso para o mundo”, afirma. O Ceará é frequentemente apontado como exemplo de promoção do potencial de atração turística dos esportes de ação, como o kitesurf.
Esportes de aventura
Atletas como a 7 vezes campeã mundial Mikaili Sol (CE), o tetracampeão Carlos Mário “Bebê” (CE) e a tricampeã Bruna Kajiya (SP) ajudaram a propagar entre praticantes do kite a informação de que o Brasil, especialmente o litoral nordestino, é um local privilegiado para a prática do esporte, com condições propícias durante quase o ano inteiro.
Outro esporte de aventura com potencial para projetar no exterior a vocação brasileira é o surfe. De 2014 a 2023, 4 surfistas brasileiros –Gabriel Medina (SP), Adriano de Souza “Mineirinho” (SP), Ítalo Ferreira (RN) e Filipe Toledo (SP)– faturaram 7 dos 9 títulos de campeões mundiais disputados no período, conquistando fãs do esporte em todo o mundo.
Só Medina tem mais de 11 milhões de seguidores em uma popular rede social. Ferreira, que em 2021 voltou a fazer história, tornando-se o 1º campeão olímpico da modalidade, tem 2,8 milhões….
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