Golpe das criptomoedas: veja como funciona uma pirâmide financeira
A essência de uma pirâmide financeira é atrair cada vez mais pessoas para o negócio. O dinheiro dos novos vai garantir – por um tempo – pagamentos aos mais antigos. Por isso elas oferecem lucros altíssimos e irreais.
O problema é que em algum momento se torna insustentável manter os pagamentos e a pirâmdie entra em colapso.
O advogado Artêmio Picanço, especialista em defender vítimas desse golpe, diz que os criminosos escolhem a melhor hora pra fugir com o dinheiro.
“Pirâmide não cai, ela não quebra, ela se conclui. Ela finaliza. Ela tem um tempo pra existir. Eles vão finalizar isso quando acharem conveniente. E o método é o mesmo, não importa a duração, o método é o mesmo, arregimentar pessoas e depois ficar com o dinheiro delas”, relata.
No ranking criminoso, elaborado pelo Fantástico com informações oficiais, a empresa que deixou o maior rastro de vítimas foi a Trust Investing.
- 1 milhão e 300 mil pessoas, não só no Brasil, mas em 80 países
- Prejuízo acumulado das vítimas só desta pirâmide passa dos R$ 4,1 bilhões
Patrick Abrahão se apresentava como líder da empresa, mas que nega ser um dos donos. “Eles alegam que eu sou sócio da Trust, todo mundo que me acompanha sabe que eu nunca fui sócio, eu sempre fui um investidor”, diz.
Ele foi preso em outubro de 2022 e solto no mês passado. As vítimas da Trust não recuperaram nenhum centavo ainda.
“A atuação do Patrick era direta. O Patrick recebia dinheiro em conta pessoal dele dos investidores. A Polícia Federal não tem outro entendimento que a que a participação total do Patrick até porque foi denunciado também existe outros elementos de prova como quebra de sigilo bancário e fiscal em cima dele”, diz Marcelo Mascarenhas, delegado da Polícia Federal.
Na lista das empresas consideradas pirâmides financeiras, a que movimentou mais dinheiro foi a GAS.
- Foram R$ 38 bilhões
- Volume movimentado é tão grande que o dono ficou conhecido como o faraó dos bitcoins.
Glaidson dos Santos está preso, mas não apenas por crimes financeiros. Ele responde na Justiça pelo assassinato do investidor em criptomoeda e influenciador digital Wesley Pessano, de 19 anos.
O Ministério Público Estadual do Rio diz que o crime foi uma forma de eliminar concorrentes. Glaidson também acusado de mandar matar Patrick Abrahão, da Trust Investing.
A Câmara dos Deputados abriu uma CPI pra investigar a atuação das pirâmides financeiras com criptomoedas no Brasil. O presidente da Comissão é o deputado Aureo Ribeiro, do Solidariedade do Rio.
“A gente teve a oportunidade de escutar seus representantes, trabalhadores dessas empresas e ter clareza do que elas ofereceram aos clientes, como se dava a operação e o que se tornou as pirâmides quando as pirâmides não conseguiram mais pagar e devolver aos seus clientes os lucros prometidos”, relata Aureo Ribeiro.
Glaidson e Patrick foram ouvidos pela CPI. O dono da GAS afirmou que teria dinheiro pra devolver aos investidores, o que foi recebido pelos deputado como mais uma afronta.
“Há recursos […] só que a Polícia Federal não tem a senha. […] Eu tenho a senha. […] Não passo [a senha] porque eu vou voltar com a minha empresa”, diz Glaidson.
A Polícia Federal já confirmou que Glaidson tem criptomoedas guardadas, e que estão numa carteira digital apreendida em 2021. São mais de 318 mil dashcores – um outro tipo de criptomoeda: 318.499,50 – na época estavam avaliadas em R$ 437 milhões.
A PF monitora as carteiras digitais dele, mas ainda não tem as senhas que permitiram movimentação. Até hoje as vítimas não conseguiram recuperar nada.
Desde junho, o Brasil tem uma lei para o mercado de criptomoedas. A legislação reconhece o que são ativos digitais e trata das responsabilidades dos intermediários e prestadores de serviço, mas ainda precisa de regulamentação, que vai ser feita pelo Banco Central.
O Fantástico tentou ouvir um representante da instituição pra explicar o que está sendo feito, mas ninguém quis falar.
A lei criou também um novo tipo penal: o 171 A. É o mesmo crime de estelionato que já existia – mas com uma pena um pouco maior quando se tratar de criptoativos.
A CPI foi prorrogada, só vai terminar em outubro mas já tem uma decisão. Pelas descobertas feitas até aqui, a legislação que acaba de…
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