Qualidade de vida, oportunidades de trabalho e território compacto atraem pessoas de outros estados e países e fazem estrangeiros se tornarem capixabas
Por Vitor Taveira
A dinâmica migratória é parte fundamental da formação histórica e econômica do Espírito Santo. Para além dos dados oficiais que evidenciam isso, basta andar pelas ruas, conhecer pessoas, perguntar por suas origens. São muitos os habitantes do estado que vieram de outras unidades da federação e até de outros países, por conta de estudos, trabalhos, qualidade de vida, relacionamentos, entre outros. É o caso do empresário Paulo Baraona.
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Português, ele veio para o Brasil com os pais em 1975 aos 15 anos. Voltaram a Portugal, mas em 1986 ele se instalou novamente do lado de cá do Atlântico, escolhendo o Espírito Santo como seu local de moradia definitiva. Seguindo os passos do pai, criou uma empresa no ramo de construção civil, a Cinco Estrelas Construtora e Incorporadora Limitada, que já tem 35 anos de existência.
“Sou apaixonado por Vitória, gosto muito, realmente virou minha cidade de referência. Acho o Espírito Santo um estado diferenciado. É pequeno, com uma costa grande e muita coisa ainda por se explorar. Apesar de todos os problemas do Brasil, a qualidade de vida é boa e pude fazer grandes amizades facilmente”, conta Paulo, destacando a boa acolhida desde que chegou pela primeira vez.
Embora aponte a diferença climática entre os países, outras questões como a língua não foram problema. Ele ainda carrega o sotaque português, embora use expressões brasileiras.
Nascido na cidade litorânea de Cascais, ele possui a grande maioria da família por lá, sendo que costuma ir duas vezes por ano para visitá-los. Quando bate a saudade no Espírito Santo, ainda costuma comer os famosos pastéis de Belém numa doceria portuguesa na Praia do Canto.
Já o argentino Emilio Farfan veio parar em Vitória por casualidade. “Sou cozinheiro e a profissão possibilita viajar bastante vivendo da profissão. Fui da Argentina para a Grécia mas não me adaptei muito à cultura europeia. Decidi voltar depois de três meses mas não queria voltar para a Argentina”, conta. Ele foi então contactando com conhecidos que moravam em outros países buscando oportunidades, até que soube que seu amigo e hoje sócio Ivan di Cesare, também argentino, estava morando e trabalhando em Vitória. “Olhei umas fotos da cidade na internet, achei legal e decidi vir, nem perguntei o salário. Cheguei para trabalhar de cozinheiro, a ideia era ficar seis meses e seguir viajando pelo litoral. Fui ficando, não vim com a cabeça de empreender, não”. Enquanto trabalhavam em restaurantes, Emilio e Ivan começaram a organizar eventos em que vendiam as típicas empanadas argentinas.
A aceitação foi muito boa e decidiram então empreender criando um restaurante num pequeno espaço na Mata da Praia. Surgia o La Dolina, que traz como lema “Comida com cultura”, destacando na culinária, no nome dos pratos, na decoração, na música ambiente, elementos da cultura argentina. Logo o lugar passou a ficar pequeno para a demanda e se mudaram para um espaço bem maior quase em frente, que desde o início também costuma ficar bem cheio. “Hoje o La Dolina é uma referência em relação à culinária e cultura argentina em Vitória”, se orgulha Emilio.
Ao chegar em Vitória, sentiu falta inicialmente de se conectar com grupos de teatro, de música e de cultura em geral. Mas logo foi se adaptando. “Gosto muito de Vitória, é uma cidade bonita, boa para morar. Me atrai que seja de porte médio, não é gigante nem tão pequenininha. Moro perto do meu trabalho. Pode até ter trânsito, mas não é como São Paulo ou Buenos Aires em que você pode ficar duas ou três horas no trânsito”, avalia.
A praia ao lado e a proximidade com a montanha também o atraem, além das pessoas que pôde conhecer por aqui. No Espírito Santo casou-se e espera a chegada de Akin, seu segundo filho capixaba. “Já estou mais instalado aqui do que lá na Argentina. Quando viajo para lá ou outro lugar sozinho e fico uns 15 ou 20 dias longe, já bate uma saudade muito grande daqui. Me faz pensar que já tenho grande parte da minha vida feita aqui, tenho…
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