Seguindo o maior ceticismo do mercado com relação à Petrobras (PETR3;PETR4), os analistas do UBS BB fizeram um duplo rebaixamento para as ações PN da companhia, de compra para venda, em relatório chamado “a fênix de volta para o seu ninho”.
Os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcellos também cortaram o preço-alvo para os ativos em 53%, passando de R$ 47 para R$ 22, tendo em vista a visão de uma mudança próxima na direção da empresa. Este preço-alvo, levando em conta o ajuste de dividendos (ação ficou ex-dividendo nesta terça-feira, 22), corresponde a uma queda de 6,5% frente o último fechamento.
As ações da companhia registraram uma sessão de queda durante toda esta terça, também com os investidores saindo do ativo após ser negociado ex-direito ao provento, mas fecharam longe das mínimas do dia. Na mínima, os ativos PETR3 caíram 5,51% e os PETR4 tiveram baixa de 5,19%. Porém, os ativos PETR3 fecharam em leve alta de 0,15%, a R$ 27,06, enquanto os ativos PETR4 caíram 0,81%, a R$ 23,33.
Vale ressaltar que o dia foi positivo para o petróleo, com o brent para janeiro fechando em alta de 0,84%, a US$ 88,36 o barril. A Arábia Saudita, principal exportadora, disse que a Opep+ estava mantendo os cortes na produção e poderia tomar novas medidas para equilibrar o mercado, após rumores da véspera sobre um possível aumento de produção.
A equipe de análise do UBS BB lembra ter iniciado a cobertura para a ação da Petrobras com um tom positivo em 2016, mantendo uma visão favorável durante a maior parte desse período, com base em uma tese de três etapas: 1) uma mudança de dívida com operações melhoradas e desinvestimentos (com a dívida bruta caindo de mais de US$ 120 bilhões para US$ 54 bilhões); 2) pagamentos de dividendos significativos (mais de US$ 47 bilhões desde o início de 2021); e 3) uma reavaliação potencialmente positiva de seus múltiplos. “Seis anos se passaram e agora acreditamos que essas fases estão em um caminho de reversão”, com os próximos anos parecendo mais sombrios, avaliam os analistas.
Três pontos transformacionais estão levando o banco a reduzir a recomendação: preços dos combustíveis, investimentos e despesas gerais. “Nada disso está claro por enquanto; no entanto, os comentários da equipe de transição [do novo governo, de Luiz Inácio Lula da Silva] fornecem alguns insights e, olhando para o passado da Petrobras, nos tornamos substancialmente mais cautelosos”, destacam Carvalho, Enfeldt e Vasconcellos.
Sobre os preços dos combustíveis, não há definição da nova política de preços da empresa, e os analistas projetam compressão da margem de refino. Também acham que um risco importante está em investimentos mais altos. “Investimentos mais altos e um impulso para a diversificação em energias renováveis e transição energética exigiriam que a Petrobras se tornasse ‘maior’ e essa sobrecarga torna-se uma preocupação”, avalia.
Além disso, isso significaria dividendos menores para os acionistas, com os analistas modelando que a Petrobras pode pagar um payout (dividendo em relação ao lucro) de 25%, o mínimo estabelecido por lei.
O novo preço-alvo é formado principalmente pelo impacto negativo de R$ 10 com a visão de compressão da margem de refino, além de um impacto negativo de R$ 6 de aumento de custos (podendo retornar a níveis vistos antes de 2019), além de R$ 6 negativos com a visão mais negativa sobre exploração e produção, com economia mais fraca proveniente de uma maior participação de PSA na produção.
Cabe ressaltar que, além do UBS BB, o Itaú BBA também reforçou visão cautelosa para a Petrobras, mas mantém recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutra) com preço-alvo de R$ 38 para PETR4.
“Acreditamos que uma possível mudança na política de preços da empresa pode resultar em impactos materiais (especialmente se uma proposta de política de preços baseada no custo de produção avançar). Considerando a falta de clareza quanto ao futuro da política de preços da empresa, acreditamos que isso é um grande risco para a história de investimento da Petrobras. Reiteramos nossa recomendação de marketperform para a ação, enquanto aguardamos mais clareza sobre o futuro da empresa, especialmente no…
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