Conversamos sobre o futuro do dinheiro físico e dos caixas eletrônicos no Brasil com Ariovaldo Ribeiro, superintendente de autoatendimento da TecBan.
Como a TecBan está vendo o futuro do dinheiro e dos caixas eletrônicos no Brasil?
Com relação aos caixas eletrônicos, existe a movimentação das agências bancárias para terem menos funcionários nos caixas, o que gera uma transferência do volume transacional para os caixas eletrônicos. Esse enxugamento das agências faz com que se precise mais do autoatendimento. o que gera um efeito que casa bastante com o compartilhamento de rede, pois quanto mais os bancos buscam eficiência e redução de custo, mais a TecBan possui uma solução de sinergia.
Na verdade, essa redução de caixas eletrônicos não passa de uma consolidação, com mais pessoas utilizando os mesmos caixas. Segundo o Banco Central, existem, aproximadamente, 154 mil caixas eletrônicos no Brasil, sendo que a TecBan administra 24 mil deles, quase 16% do número total. Nós enxergamos isso como uma oportunidade.
Com relação ao futuro do dinheiro, existem novos meios de pagamento surgindo a todo o momento, como meios digitais e o Drex. Esses meios vão coexistir, pois há um amplo espaço tanto para o dinheiro quanto para a prestação de serviços de autoatendimento.
Por mais que a quantidade de dinheiro físico tenha diminuído nos últimos anos, onde ele mais circula atualmente?
Do nosso ponto de vista, a circulação de dinheiro não está atrelada a uma região, mas sim a classe social. O Instituto Locomotiva fez uma pesquisa que indicou que o dinheiro é a principal forma de pagamento para 65% das pessoas das classes D e E. Em seguida vem a classe C, com 38%. As classes A e B, com 15%, são as que menos utilizam dinheiro físico, apesar de serem as que mais concentram riqueza.
Esse comportamento se repete em todas as regiões do país. Em São Paulo, se formos para uma região de periferia, as classes C, D e E são as que mais circulam dinheiro.
Considerando a diminuição de agências bancárias e de caixas eletrônicos, existe a possibilidade do Brasil recorrer a uma legislação federal para frear a diminuição da quantidade de caixas eletrônicos da mesma forma como alguns países europeus estão fazendo?
Particularmente, eu acredito que isso não ocorra a médio prazo. Na Europa, alguns países tiveram que fazer isso, pois a cobrança de tarifa pelo saque está relacionada à conveniência. Se uma pessoa está num local mais distante, além de pagar pelo valor sacado, ela vai pagar uma tarifa adicional pelo saque. Isso é muito forte no Reino Unido.
Como alguns países mexeram nas suas legislações e proibiram essa cobrança, houve um movimento de redução dos caixas, já que as redes independentes tinham uma receita bastante alta gerada por essa tarifa, o que pode ter levado a esse deserto de caixas na Europa. No Brasil, nós temos a Resolução 3919 de 2010, do Banco Central, segundo a qual cada cliente pode efetuar quatro saques grátis. Cabe ressaltar que a TecBan já tem uma rede que se equilibra financeiramente sem esse tipo de tarifa.
Como disse, no Brasil nós temos uma diminuição de caixas eletrônicos com foco na eficiência, com cada banco tendo a sua estratégia para redução dos seus custos e atendimento dos seus clientes.
No caso da TecBan, muitas vezes o remanejamento de um caixa pode estar muito mais atrelado a uma questão negocial com o estabelecimento onde ele estava, pois a empresa tem como política avaliar o posicionamento dos seus caixas sempre focando onde há mais demanda. Na nossa rede não houve diminuição, tanto que estamos com 24 mil caixas há alguns anos.
Mesmo nas economias mais desenvolvidas, existe a possibilidade do dinheiro físico acabar?
Claro que não. Para que você tenha uma ideia, o volume sacado em 2022 na nossa rede foi de R$ 334 bilhões. Isso mostra que há muita demanda para realização de saques. Quando nós vamos para regiões mais remotas, onde existem questões de infraestrutura, telecomunicações e transporte, como regiões ribeirinhas, o dinheiro circula muito forte.
O dinheiro físico não deve acabar, mas sim conviver com várias formas de se efetuar um pagamento, tanto que na nossa iniciativa de trabalhar com o Banco Central no Drex, nós estamos focando na convivência desses meios de pagamento.
Um ponto…
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